População faz fila em lojas e Centro fica "entupido" na véspera do Dia dos Pais
Clientes sabem dos riscos, mas justificam procura pelo presente na última hora por falta de tempo durante a semana
Às vésperas do Dia dos Pais, não tem medo de covid-19 que esvazie o Centro de Campo Grande. Na região da Rua 14 de Julho a realidade assusta quem sabe do contágio crescente de uma doença que já matou 176 pessoas na Capital e contaminou 12.496. Mesmo com as regras de biossegurança dentro das lojas, o cenário nas ruas é de aglomeração e filas sem nenhum outro protocolo além das máscaras.
Segundo a cuidadora de idosos Hevellin Simões, 25 anos, ela sabe dos riscos e tem medo do contágio principalmente pela profissão que exerce, mas pela correria do dia a dia só pôde ir até o centro na manhã deste sábado (8).
“Eu vim mesmo comprar para mim. Mas vou aproveitar e ver o presente do Dia dos Pais para o meu marido. Todo ano deixo para a última hora, só que esse ano tem a tensão do coronavírus, mesmo com máscara tenho medo. Estou aqui há 20 minutos na fila para entrar na loja e sei dos riscos”, destacou.
Além da loja de departamentos, Hevellin já tinha passado por outras lojas onde também enfrentou fila. “Tá tudo assim hoje, o horário restrito e a mania de deixar para a última hora fez todo mundo correr para o centro, acho”, disse na fila onde mais ao menos 30 pessoas aguardavam.
Não muito longe, também em aguardando em uma fila para entrar em loja, a auxiliar docente Lidiely Lopes, 31 anos, comemorava o aniversário em busca do presente para o pai. “Deixei para a última hora, sempre deixo. Nem sei o que vou comprar ainda, vou ver o que ele vai querer”, disse.
Sobre o medo da pandemia, Lidiely afirmou saber dos riscos e disse ter medo, mas assim como Hevelin, a justificativa foi a correria do dia a dia. “Trabalho a semana inteira, o dia todo, não tinha outro horário para vir. O comércio tá restrito, estou aproveitando meu aniversário na fila da loja”, contou.
Aumento nas vendas – para os comerciantes, a aglomeração é sinal de aumento nas vendas. Diferente do cenário na semana anterior, quando as lojas estavam praticamente ‘às moscas’ hoje o dia é de comemoração para quem depende dos clientes.
“Nossa aumentou em pelo menos 20% se a gente comparar com a semana anterior. Ontem o movimento já foi bem intenso, depois das 18h tinha gente na loja, coisa que não tinha antes. Hoje tem bastante movimento, dá para compensar os dias parados”, declarou o gerente de loja Kleverson Yoshimura.
Segundo Kleverson a procura tem sido muito grande pelos relógios e confecção. “Pessoal tem procurado muito relógio, camiseta polo, sapato. O setor de eletrônicos também está movimentado”, disse.
Fora de casa - As taxas de isolamento em Campo Grande seguem muito baixas. Ontem (7), a cidade atingiu o 3º pior lugar no ranking nacional dentre as capitais, com apenas 32,93% das pessoas em casa. Os piores índices observados vieram do bairro Nova Campo Grande, com 18,20% de isolados e Jardim Itamaracá, com 20% .
As melhores situações foram verificadas no Jardim do Córrego e na Cidade Jardim, com 52,20% e 52% de taxa de isolamento, respectivamente. Mesmo no melhor dos números, o índice é bem inferior ao recomentado contra o coronavírus, que é acima dos 70%
Consequências - No boletim de divulgação dos dados da covid-19 deste sábado, o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende fez novamente um apelo à população.
"O que acontece hoje e amanhã, terá repercussão daqui 14 dias. Se não quisermos chegar ao ponto de outras capitais que atingiriam o colapso na saúde, temos precisamos de taxa de isolamento melhor. Tenho que chamar atenção, principalmente, a quem tem pais idosos. Aglomeração pode trazer no lugar da homenagem riscos. Pensem em formas mais criativas"
Confira imagens do Centro neste sábado: