População reclama de sujeira que aumenta risco de fogo no Sóter
Lixo, falta de manutenção e vandalismo são listados por quem tenta passear pelo parque que ontem foi atingido por incêndio
O incêndio ocorrido ontem à noite no Parque Ecológico do Sóter destruiu vegetação localizada em cerca de 100 metros lineares dentro da área. Em uma rápida volta pelo local, é possível verificar que alguns problemas no parque potencializam o risco de fogo, inclusive, a falta de limpeza.
No dia 10 de junho, a prefeitura abriu licitação para reforma do Parque Sóter, obra orçada em R$ 760,8 mil. O parque deve receber reparos em praticamente toda sua estrutura, mas quem frequenta considera que a manutenção também anda deficiente, assim como a falta de segurança.
“Isso aqui está tão abandonado que dá até dó”, disse o técnico em radiologia, Raul Zanfolin, 37 anos, que foi ao parque com a família esta manhã. Eles se mudaram há pouco para o bairro e se frustraram ao tentar passear pelo parque. “Tem muito lixo esparramado, a gente não vê lixeira”.
Dentro do parque e no entorno, é possível encontrar sacos plásticos, latas de bebida, preservativos e bitucas de cigarros, até na pista de caminhada. A ponte de acesso à área de vegetação está danificada e foi interditada.
A interdição da ponte, aliás, foi o motivo do fim do passeio da família do comerciante André Campos, 41 anos, que levou os dois filhos para passear. Sem acesso à área de vegetação para ver os animais, eles não puderam completar a caminhada. “Passeio terminou ali, não tem graça sem a passarela, as crianças querem ver capivaras”.
Vandalismo - A reportagem encontrou o aposentado Inácio da Silva, 50 anos, caminhando na pista, desviando do lixo. “As pessoas vão fumando e jogam bituca de cigarro”. Para ele, falta “gestão do administrador do parque”.
Um motorista de aplicativo, de 52 anos, que mora na região, diz que muitos vândalos ficam no parque e seriam os grandes responsáveis pela depredação e até pelos incêndios, já que seriam usuários de drogas. “Eles ficam de dia e de noite nos quiosques ali, ninguém faz nada”, reclamou.
Segundo esse motorista, dois guardas costumam fazer a vigilância no parque. Durante o tempo que a reportagem ficou no local, não encontrou nenhum guarda.
O cirurgião-dentista Danilo Veronezi Bagli mora em Ribas do Rio Pardo e está na cidade a passeio, visitando a mãe, e ficou impressionado com o abandono. “Banheiros estão fechados, as cercas estão caídas, é até perigoso para as crianças, não tem segurança”. A impressão que fica, segundo ele, é que só dão importância ao Parque das Nações Indígenas.
Para ele, além da responsabilidade do poder público, também é preciso conscientização por parte do usuário do parque. “População também é culpada, pois não preserva”.
Fogo - O incêndio no sábado (15) começou por volta das das 21h40, no trecho que fica na Rua Antônio Rahe, próximo a Rua Cristóvão Lechuga Luengo. Corpo de Bombeiros foi acionado para a contenção das chamas.
Outro lado - A prefeitura de Campo Grande informou que o Parque Ecológico do Sóter recebe manutenção de limpeza diária, além disso a grama e a poda de arvores é feita com programação de três em três meses pela Solurb. A Funesp (Fundação Municipal de Esporte) oferece mais de 20 oficinas de esporte e lazer com cerca de dez professores no local. Em média 2 mil pessoas passam pelo parque por dia.
Ainda segundo o município, reparos na academia ao ar livre e manutenção na pista de caminhada foram feitos em 2018 e 2019, e a manutenção completa já está prevista em processo licitatório aberto em diário oficial.
Sobre a licitação, o objetivo é recuperar prédios, calçadas, revestimentos, instalações elétricas, pintura, cercamento externo, instalações sanitárias, parque infantil e pórticos de acesso.
O prazo para execução total da obra é de 180 dias consecutivos, contados a partir do recebimento da primeira ordem de início dos serviços emitida pela superintendência de Projetos da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos). As despesas da reforma serão custeadas com recursos do tesouro municipal.
O Parque do Sóter foi inaugurado em 2004. Projetado como parque modelo, o local dispõe de área verde com 22 hectares, quadras poliesportivas, pista de skate, pista de caminhada e ciclismo. Desde fevereiro de 2019, o local está liberado para passeios com cães.
*Reportagem atualizada às 10h15 do dia 17/06/2019 para acréscimo de informações