Prefeitura diz não ter pendência, mas propõe menos do que Santa Casa pediu
Impasse no financiamento da Santa Casa de Campo Grande motivou paralisação dos enfermeiros do hospital
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Representantes da prefeitura de Campo Grande se reuniram ontem (28) na Santa Casa de para discutir renovação do convênio. O município propôs incremento de R$ 500 mil por parte do ente municipal e R$ 1 milhão do governo estadual, acrescentados ao valor total de R$ 28 milhões encaminhados a instituição mensalmente.
A administração da Capital afirma que a relação do município com a Santa Casa é de "ordem contratual", ou seja, que cabe ao município repassar recursos mediante realização de serviços pactuados estabelecidos no documento descritivo do convênio.
"Reitera-se que não há nenhuma pendência financeira por parte do município com o hospital, e as eventuais negociações foram conduzidas de forma transparente nos últimos cinco anos e em consenso entre as partes", disse a prefeitura.
O financiamento tem gerado impasses entre os envolvidos, já que a Santa Casa alega que o valor - que não sofre reajuste desde 2019 -, não é capaz de custear a manutenção da unidade hospitalar. O próprio salário referente ao mês de setembro, a ser pago em outubro, não possui garantia, caso não haja acordo.
Ontem, a presidência do hospital afirmou que a proposta ideal seria de R$ 1,5 milhão pela prefeitura e outros R$ 3 milhões do governo de Mato Grosso do Sul.
Sem acordo, o Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) decidiu manter a greve dos enfermeiros da Santa Casa até que seja feita uma negociação com o hospital. A medida foi tomada mesmo com a medida do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) que proíba a manifestação, com multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
Divisão - A proporção de recurso é maior por parte do governo do Estado como forma de compensar minimamente a discrepância em relação ao custeio do hospital, conforme acordo feito por intermédio do MPE (Ministério Público Estadual).
Ao analisar a proposta, a diretoria da Santa Casa entendeu que o recurso seria insuficiente para atender suas necessidades e se comprometeu a apresentar contraproposta.
Convênio com Santa Casa vence em 30 de setembro e a não assinatura de novo termo aditivo inviabiliza repasse ao hospital, segundo o Procurador-Geral do Município, Marcelino Pereira dos Santos. “É necessário que o termo aditivo seja assinado e publicado, para que o município possa repassar o recurso previsto em contrato para o hospital."
A secretária Municipal de Planejamento e Finanças, Márcia Hokama, diz que o município busca chegar a um consenso com o hospital, dentro da realidade do município. “As tratativas estão sendo conduzidas sempre buscando o entendimento para que possamos achar uma solução para este imbróglio e assim garantir o adequado funcionamento do serviço evitando assim que haja prejuízos na assistência da nossa população."
“A busca do diálogo é a melhor forma de resolver um problema. Isso é um indicativo de que há boa vontade para tanto. E espero que a gente possa entrar em um consenso o mais breve possível, pois temos um objetivo em comum que é atender a população”, destacou o presidente da Santa Casa, Heitor Freire.
Financiamento - Nos últimos cinco anos, o hospital recebeu aproximadamente R$ 1,6 bilhão em recursos públicos, além de repasses pontuais provenientes de portarias, emendas e incentivos. Neste período, o aumento no valor repassado foi de mais de R$ 85 milhões, quando considerados apenas os recursos previstos em contrato provenientes do Governo Federal, Estado e Município.
Os repasses financeiros são realizados de acordo com a parametrização do Ministério da Saúde, além de incentivo municipal e estadual por serviços de saúde prestados ao SUS (Sistema Único de Saúde), sendo necessário o cumprimento de metas quantitativas e qualitativas.