Projeto vai propor a agressores reflexão sobre violência contra a mulher
Até o fim do ano, um projeto da Justiça quer colocar o agressor de mulheres diante de uma reflexão: que tipo de violência ele está produzindo? Nesta segunda-feira (dia 31), o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) deu largada para curso de capacitação aos servidores. O seminário, realizado no Novotel, em Campo Grande, vai até 3 de agosto.
De acordo com a juíza responsável pela Coordenadoria da Mulher e pela Vara de Medidas Protetivas, Jacqueline Machado, o grupo reflexivo deve ser implantado até o fim de 2017 em Campo Grande e, depois, ser ampliado para as comarcas do interior do Estado. Atualmente, somente Rio Verde tem projeto voltado ao agressor.
“Há toda uma técnica que vai fazer ele refletir sobre o tipo de violência que está produzindo e como fazer para modificar. A violência de gênero vem de uma construção de valores nossos, da sociedade machista, o estado patriarcal. Fazer com que todos os homens que praticam esse tipo de violência ouçam e reflitam sobre o porquê não estar considerando os direitos humanos dessa mulher”, afirma a magistrada.
Em Campo Grande, são três Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Em cada uma, a média é de três mil processos. “Nós ainda estamos bem adiantados. Curitiba tem uma vara só. Fortaleza, que é uma capital bem maior, tem uma vara de violência doméstica”, afirma a juíza sobre a estrutura de atendimento.
Contudo, a nota triste é que os casos não diminuem. “O índice de violência é altíssimo. Os números não diminuem e a gente sabe ainda que são crimes sub notificados, 52% das mulheres não denunciam”, salienta a juíza.