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Capital

“Quando sair do papel vou acreditar”, diz lojista sobre espera por rotatória

Empresários também querem mais sinalização, contra velocidade da via que provoca acidentes na região

Por Alison Silva | 13/10/2023 14:29
Veículos em alta velocidade no cruzamento entre a Avenida Tamandaré e a Euler de Azevedo (Foto: Marcos Maluf)
Veículos em alta velocidade no cruzamento entre a Avenida Tamandaré e a Euler de Azevedo (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo com a promessa da Prefeitura de Campo Grande de que os estudos de reordenamento da rotatória da avenida Euler de Azevedo com a Tamandaré estão em sendo concluídos e prestes a ir para a fase licitatória, alguns comerciantes dizem que "só vão acreditar quando sair do papel". De acordo com os trabalhadores da região, a via é muito rápida e há registros de acidentes com frequência e até o movimento do comércio é prejudicado.

Dono de um pet shop, Antônio Garcia, de 50 anos, diz que a sinalização é muito espaçada. “Ninguém me enxerga e faz tempo que está assim, parece pista de corrida aqui. Há um ano, me repassaram que a rapidez da via é por conta de ambulâncias”, disse o comerciante.

Antônio Garcia, de 50 anos, sentado em frente ao comércio dele (Foto: Juliano Almeida)
Antônio Garcia, de 50 anos, sentado em frente ao comércio dele (Foto: Juliano Almeida)

Segundo ele, as mudanças anteriores realizadas pela administração municipal diminuíram a rua e aumentaram a calçada, o que atingiu negativamente o comércio. “Tenho que pensar no coletivo, só para atravessar a rua aqui o cliente demora pelo menos cinco minutos. Acho que a sinalização já melhoraria meu lucro. Tem vizinhos que moram na região há dez anos e não conhecem meu comércio, sendo que estou aqui há 20 anos”, finalizou Garcia.

Nos últimos dias, a prefeitura municipal destacou que as obras na rotatória entre a Euler de Azevedo e a Avenida Tamandaré serão semelhantes ao trabalho feito na Avenida Três Barras. Segundo a diretora adjunta da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), Andréa Figueiredo, o reordenamento de trânsito e novas obras em rotatórias antigas junto à semaforização trazem resultados positivos aos condutores e aos pedestres em todos os sentidos.

“É importante ressaltar que, para se instalar um semáforo em qualquer via que seja, sempre são feitos estudos sobre a necessidade. O semáforo não é feito simplesmente por um pedido. Nós fazemos estudos, as equipes vão até o local, fazem as contagens, depois vai para o setor de engenharia onde é feito uma tabulação para se chegar a um número, olha-se se está previsto dentro do manual de sinalização semafórico, e aí verifica sobre a necessidade, ou não do semáforo”, disse em nota.

Conforme a diretora adjunta, o número de acidentes em cada local também é analisado e após isso é dito sobre a necessidade semafórica. “A sinalização é importante para que haja ordenamento do fluxo de veículos e para que os pedestres tenham o tempo de travessia garantido. Normalmente quando é feito o reordenamento em cruzamento tradicional ou em rotatória, a semaforização faz com que não haja mais uma disputa dentro do trânsito e todos têm o tempo semafórico garantido para atravessar e fazer as conversões que necessitam”, acrescentou Andréa.

Dona de uma floricultura distante cerca de 30 metros da rotatória, Regina Aureliano, de 58 anos, também reclama que paga para trabalhar, porque ninguém ali vê o seu comércio. Segundo ela, o dinheiro que ainda entra vem de clientes antigos. “A sinalização e a faixa de pedestre não significam nada, a via é muito rápida, seja quem vai ou vem, ninguém vê isso. Hoje mesmo tivemos acidente aqui. As pessoas não respeitam a faixa de pedestre, minha irmã é deficiente auditiva e o carro parou quase em cima de mim”, disse Regina, que no fim do dia havia lucrado apenas R$ 20.

Regina Candelária, dona da floricultura próxima à rotatória (Foto: Juliano Almeida)
Regina Candelária, dona da floricultura próxima à rotatória (Foto: Juliano Almeida)

A dona do comércio vive na região desde 2013 e destacou que atualmente não consegue fechar as contas uma vez que, segundo Regina, sua floricultura está esquecida e prejudicada pela falta de sinalização na rua. “Tem cliente que não sabe que existe a floricultura aqui. De carro ninguém para. Estou aqui há 10 anos e atualmente pago para trabalhar. Ganho cerca de RS 5 mil, pago aluguel, água e luz, isso porque não tenho funcionários, imagina se tivesse”, finalizou.

Proprietária de uma loja de rações na Avenida Tamandaré, Nilva Muzili, de 56 anos, tem a expectativa que as obras vão melhorar para todos os bairros próximos. Moradora da região há três décadas, ela destacou que chegou na região em um período sem asfalto, e que todas as sinalizações feitas desde então só pioraram o fluxo de veículos no local. “Estou aqui há 12 anos, moro na região há 30 anos, faz 30 anos que estou esperando a sinalização. Mudei pra cá e não tinha nem asfalto, colocaram a rotatória, não sinalizaram e isso só piorou. Só colocaram esse sinaleiro na frente do supermercado depois que um menino morreu em um acidente de moto aqui”, destacou a microempreendedora.

Nilva Muzili administra uma loja de venda de rações na Avenida Tamandaré (Foto: Juliano Almeida)
Nilva Muzili administra uma loja de venda de rações na Avenida Tamandaré (Foto: Juliano Almeida)

Além da medida, a Agetran realiza estudos técnicos para promover aberturas em canteiros centrais na Avenida Ministro João Arinos, além de otimizar o transporte público por meio dos corredores exclusivos de ônibus.

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