Reitora da UFMS quer se esquivar de responsabilidades do HU, afirma sindicato
Não bastassem virar alvo da CPI da Câmara, após denúncias de envolvimento na Máfia da Saúde, a participação da professora Celia Maria da Silva, reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também é questionada pelo Sista-MS (Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino do Estado). Para a entidade, ela quer se esquivar das responsabilidades sobre as irregularidades no hospital-escola, denunciadas pela “Operação Sangue Frio” da Polícia Federal.
“A gestão de Célia está sendo uma decepção. Percebe-se que ela não tem controle de nada. Enquanto reitora, participar de uma acareação pública foi ridículo. Não é papel de uma pessoa do cargo dela”, disse o coordenador geral do Sista-MS, Lucivaldo Alves dos Santos.
Ao dizer essas afirmações, Lucivaldo se referia ao confrontamento dos depoimentos de Celia Maria e do o ex-diretor do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, na CPI da Saúde da Câmara Municipal, realizada na última quinta-feira (4).
A acareação entre os dois virou um jogo de empurra. Um passava para o outro as responsabilidades das decisões no HU. Uma dessas decisões, por exemplo, terminou com a recusa de um acelerador linear para o tratamento de pacientes com câncer.
Lucivaldo contou ao Campo Grande News que Celia garantiu ao sindicato que não nomeou José Carlos Dorsa. “Ela disse que a nomeação era do João Ricardo [vice-reitor]. Ela tirou a responsabilidade dela e jogou para ele. Disse que a culpa era do João Ricardo, sendo que ela que assina os papéis”, afirmou.
De acordo com Celia, o ex-diretor do HU tinha autonomia para gerenciar o hospital-escola como bem entendesse. Essa informação também foi contestada pelo sindicato. “O HU é um hospital-escola. Todas as decisões passam pela reitora. O Ministério da Saúde, por exemplo, só mantém um convênio com a parte de atendimento, exames e internações do SUS (Sistema Único de Saúde)”, diz Lucivaldo.
O coordenador do sindicato ainda afirmou que é o Ministério da Educação que mantém a maior parte das despesas do HU, como, por exemplo, o pagamento da folha de mais de mil funcionários administrativos e da área da saúde. “Cerca de 400 funcionários terceirizados recebem pelo SUS, o restante é pelo Ministério da Educação”, conta.
Sucessão de Erros – Para o sindicato, uma sucessão de erros fez com que o HU aparecesse “nas páginas policiais” por causa de desvios de dinheiro e de verba pública. Segundo Lucivaldo, esses erros começaram pelas nomeações. “A nomeação da Celia foi um erro. A nomeação do Dorsa, outro erro. Foi uma sequência de erros”, disse.
Celia Maria foi reconduzida ao cargo de reitora da Universidade UFMS em 2012. Ela ocupará a mesma função até 2016. A nomeação dela foi publicada pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da educação, Aloizio Mercadante, em outubro do ano passado.
José Carlos Dorsa dirigiu o HU por três anos, de 2009 a 2012. Antes dele, o hospital era gerido pelo cardiologista Gualberto Nogueira, que ficou à frente da instituição por seis anos, entre 1992 e 1996 e de 2007 a 2009.
A UFMS é a maior entidade de ensino de Mato Grosso do Sul e conta com orçamento anual de R$ 317 milhões. Cerca de 19 mil acadêmicos, 2 mil técnicos e 1 professores atuam na universidade.