Réu que matou suspeito de atentado à base da PM é condenado a 14 anos
Ailton Rios Heleno, 35 anos, o "Nenê sem Perna" do PCC foi assassinado a facadas na Gameleira II
Alexandre de Oliveira Gimenes, 34 anos, foi condenado a 14 anos de prisão pela execução de Ailton Rios Heleno, 35 anos, o “Nenê sem Perna” do PCC (Primeiro Comando da Capital). O crime aconteceu no dia 1º de julho de 2023, dentro de uma das celas do Presídio Estadual da Gameleira II, a “Federalzinha”, em Campo Grande. O acusado passou por julgamento nesta quarta-feira (29).
De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o crime aconteceu por volta das 18h40 do dia 30 de junho daquele ano. Na ocasião, o acusado usou uma faca artesanal conhecida dentro das unidades penais como “chucho” e desferiu diversos golpes contra a vítima. Os dois dividiam cela na penitenciária e vinham tendo “atritos”.
Para o MP, o crime foi cometido por motivo torpe já que a vítima foi morta por conta dessas brigas que eram decorrentes da convivência em cela. Além disso, Alexandre usou recurso que dificultou a defesa da vítima, já que Ailton estava sentado em sua cama quando foi golpeado.
Em depoimento, Alexandre alegou que discutiu com a vítima no dia anterior ao crime por causa de uma investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) que chegou ao conhecimento dele. A apuração apontava Ailton como integrante do CV (Comando Vermelho) e seria um dos responsáveis pelas ordens de execuções de rivais.
Ele ficou com medo da vítima mandar fazer alguma coisa com ele já que Ailton dizia que tinha matado o próprio pai e atirado bomba contra uma delegacia. “Fiquei com medo porque eu estrava envolvido num b.o de uma morte e ele falou que eu era do Acre e não podia ficar tirando onde aqui no Estado dele não”, afirmou em depoimento.
Já no dia do crime, os dois teriam discutido, segundo Alexandre, porque ele estava cantando uma música e a vítima se sentiu incomodada. “Ele vinha falando algumas coisas que me deixaram com medo. Ele disse que não era para eu ficar cantando música na cela porque eu não estava no Acre não. Fiquei com medo de dormir e ele fazer alguma coisa comigo”, pontuou o acusado.
Com isso, o acusado pegou a faca artesanal que estava em um colchão vindo de outra cela e estava com ele há algum tempo já. Depois do culto ele decidiu então matar Ailton.
“Ele estava sentado na cama dele e eu peguei a arma e furei ele no coração. Ele tentou me agarrar, fiquei com o braço machucado. Ai dei mais uns dois golpes e ele já caiu no chão com a boca cheia de sangue. Eu não tinha intenção de matar, mas era mostrar para ele que não podia ficar me ameaçando”, finalizou.
Hoje ele passou por julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri e o Conselho de Sentença por maioria de votos decidiu condenar Alexandre. O juiz Aluizio Pereira dos Santos então o sentenciou a 14 anos e sete meses de prisão em regime fechado pelo homicídio e determinou a destruição da faca artesanal usada no crime.
“Nenê sem Perna” – Ailton perdeu a perna após levar tiro. Ele acumulava passagens criminais desde 2007, sendo uma delas a participação no episódio em que granada foi jogada no prédio da PM (Polícia Militar) nas Moreninhas, em 2012. Na época, nove pessoas foram indiciadas entre elas, dois irmãos e o cunhado do homem. Eles foram apontados como integrantes do PCC.
Ele também foi identificado como autor de estelionato praticado contra, pelo menos, 82 vítimas. Na época ele cumpria pena no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), usava telefone para aplicar golpes. Conforme apurado, ele simulava interesse em comprar itens vendidos na internet, fazia o anunciante retirar a publicação prometendo pagar pelo produto no mesmo dia, por transferência bancária.
Depois, contratava entregadores para pegar item. No final, ninguém recebia. As vítimas relatam, também, recebimento de ameaças, por meio de fotos com armas enviadas pelo bandido encarcerado e por isso ele conseguia os valores envolvidos.
Já Alexandre estava preso preventivamente na época do crime por envolvimento no assassinato do casal Pedro Vilha Alta Torres e Priscila Gonçalves Alves. Em setembro do ano passado ele foi condenado a 36 anos pelo crime.
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