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Santa Casa chega aos 100 anos como a terceira maior do País

Por mês, o hospital faz 7 mil atendimentos e emprega mais de 3 mil pessoas

Anahi Gurgel | 18/08/2017 08:42
Fachada da Santa casa de Campo Grande, que chega aos 100 anos sendo a terceira maior do Brasil. (Foto: Marcos Ermínio)
Fachada da Santa casa de Campo Grande, que chega aos 100 anos sendo a terceira maior do Brasil. (Foto: Marcos Ermínio)

Não são poucos os percalços que a Santa Casa de Campo Grande acumula ao longo de sua trajetória, que chega aos cem anos nesta sexta-feira (18). Foram e ainda são muitos os desafios e conquistas que fizeram do maior hospital do Mato Grosso do Sul uma das mais completas unidades filantrópicas do País.

Em termos de resolutividade, considerando a produção, o atendimento à população, internações e cirurgias, fica atrás apenas de São Paulo e Porto Alegre.

Entretanto, manter o "posto" de um das mais robustas santas casas do Brasil, não tem sido nada fácil. Por coincidência e ironia da língua portuguesa, deixar de ser "posto" (de saúde) é o que tem fortalecido suas bases.

Durante muito tempo, o hospital atendeu mais do que suporta sua capacidade. São 750 leitos disponíveis, mas a demanda era tão grande que os corredores ficavam abarrotados de pacientes. Chegou a absurdos 20 mil atendimentos por mês. "Era indigno", enfatiza Esacheu Cipriano Nascimento, diretor-presidente.

Há cerca de 2 meses, foi implantado um novo controle de acesso dos pacientes para atendimentos somente na média e alta complexidade. "Tudo feito em comum acordo com o município, que se comprometeu a fortalecer a central de regulação e, consequentemente, a atenção básica nas unidades de pronto atendimento e postos de saúde. Hoje, todos os leitos 'improvisados' em nossos corredores foram retirados ", garante.

Nessa jornada centenária, a Santa Casa comemora seu aniversário com 7 mil atendimentos emergenciais e mais de 3 mil procedimentos cirúrgicos realizados ao mês, englobando 23 especialidades médicas.

Os cuidados são dispensados não somente a pacientes da Capítal, mas também de todo o estado, da região Centro-Oeste e países vizinhos, como Paraguai e Bolívia. Em média, 88% da capacidade operativa da unidade são voltados aos usuários do Sistema Único de Saúde.

Esacheu Nascimento, em sua sala, de onde administra 3,3 mil funcionários, 600 médicos e mais de 7 mil procedimentos cirúrgicos por mês. (Foto: Marcos Ermínio)
Esacheu Nascimento, em sua sala, de onde administra 3,3 mil funcionários, 600 médicos e mais de 7 mil procedimentos cirúrgicos por mês. (Foto: Marcos Ermínio)

Com sua 'fortaleza' de 57 mil metros quadrados, a Santa Casa de Campo Grande é a quarta maior do País em termos de estrutura física. O atual prédio, inaugurado em 1980, abriga 3.300 funcionários e 600 médicos. 

Desde dezembro de 2016, voltou a fazer transplantes de rim. Jã são 12 desde então. Em março deste ano, também tiveram início os transplantes de córnea, e já está sendo finalizada a homologação para o transplante de medula, que deve começar em setembro. O próximo procedimento a ser realizado na unidade, será o transplante de coração.

Dívidas? Por que? Para realizar o atendimento de serviços públicos, a Santa Casa, que é uma instituição privada, mantém um contrato com União, Estado e Município.

Por leito, é cobrado R$ 38 mil ao mês, enquanto que em outros hospitais públicos, o valor pode variar entre R$ 87 mil e R$ 100 mil, segundo Esacheu.

"Com o sistema corporativo, conseguimos fazer uma gestão empresarial e econômica que instituições públicas não conseguem. É mais vantajoso para o poder público contratar uma entidade privada e filantrópica como a Santa Casa do que construir e manter um hospital próprio", calcula.

Pelos serviços prestados ao poder público, a Santa Casa recebe recursos na ordem de R$ 18,5 milhões por mês. Entretanto, o déficit é de R$ 3 milhões.

Entrada do Pronto Atendimento pela Rua Rui Barbosa, na Capital. Portão controla acesso de pacientes. (Foto: André Bittar)
Entrada do Pronto Atendimento pela Rua Rui Barbosa, na Capital. Portão controla acesso de pacientes. (Foto: André Bittar)

"Trabalhamos com preços de contratos negociados em 2014. Tivemos aumentos de materiais, insumos, medicamentos, acordos trabalhistas. É um processo inflacionário que não nos cabe, impossível de controlar", defende.

Em 2005, quando houve intervenção da União, a dívida somava R$ 38 milhões e, oito anos depois, subiu para R$ 160 milhões.

Foi feito acordo com Estado e Município, para quitação desse passivo em 84 prestações. Com refinanciamento junto à Caixa Econômica Federal, em março, o pagamento foi prolongado em 10 anos. "Pedra no sapato", essa dívida, hoje, é de R$ 140 milhões, o que significa que em menos de quatro anos, mais de R$ 20 milhões já foram quitados.

 

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