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Capital

Santa Casa trocou farmacêutico dois meses antes das mortes na quimioterapia

Aline dos Santos | 18/07/2014 14:04

Um dos setores mais importantes no atendimento de quimioterapia, a farmácia do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa terceirizada que presta serviços de quimioterapia da Santa Casa de Campo Grande, teve mudança de farmacêutico há dois meses. Em julho, foram três mortes consecutivas: nos dias 10, 11 e 12.

O farmacêutico do período da manhã, horário para o qual é agendado a maioria dos procedimentos, foi trocado. A reportagem questionou a Santa Casa se o profissional foi substituído, porém, a assessoria de imprensa informou que o hospital só vai se pronunciar em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.

O Campo Grande News apurou que durante férias do farmacêutico, a função de manipular os medicamentos para a quimioterapia já foi assumida até mesmo por enfermeiro. Segundo o presidente do Conselho Regional de Farmácia, Ronaldo Abrão, essa prática é proibida.

Apesar de na prática ser reconhecido que é preciso experiência para manipulação dos quimioterápicos, a única exigência formal é a graduação em Farmácia. “O Conselho Federal não exige qualificação, nem norma ou legislação”, explica Abrão.

Um profissional ouvido pela reportagem avalia que uma possibilidade é o medicamento ter saído com superdosagem do laboratório. Pois, na manipulação para preparo, seria como utilizar dez frascos em vez de um. “Praticamente impossível ter sido na manipulação. Seria um erro crasso. Como um médico operar a cabeça em vez do pé”, afirma.

Como as pacientes já haviam recebido medicamento antes, perde força a possibilidade de reação alérgica. Outro fator a ser investigado é interação medicamentosa. A manipulação do quimioterápico é feito pelo farmacêutico em um local isolado. A receita e medicação são passadas por uma janelinha. Os enfermeiros que administram o medicamento usam EPIs (Equipamento de Proteção Individual Específico), como máscara, capote e luvas.

As pacientes que morreram foram Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos e Maria Glória Guimarães, 61 anos. Por meio de nota, divulgada ontem, a Santa Casa informou que suspendeu o medicamento.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que está ciente dos casos. Porém, antes de iniciar qualquer ação ou tomar alguma medida é necessário o término das investigações pela autoridade local.

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