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Capital

Sem fé na prefeitura, população se defende dos buracos no WhatsApp

Paulo Nonato de Souza | 15/12/2016 15:16
Cone sinaliza linha de buracos no meio da Mato Grosso, uma das principais vias de acesso de Campo Grande (Foto: PNS)
Cone sinaliza linha de buracos no meio da Mato Grosso, uma das principais vias de acesso de Campo Grande (Foto: PNS)

Motoristas, motoqueiros ou apenas pedestres, não há quem não se incomode com os buracos que aparecem diariamente nas ruas e avenidas de Campo Grande. A situação é tão crítica que, “cidade dos buracos”, é o termo mais adequado para resumir o sentimento dos campo-grandenses sobre o risco material e físico que enfrentam no seu dia a dia para trafegar pelas ruas.

“O asfalto em Campo Grande mais parece uma lamina, de tão fininho. Os gestores públicos preferem fazer essa porcaria de asfalto porque aí eles podem desviar mais dinheiro, e quando chove qualquer enxurrada leva tudo”, desabafa Pedro Henrique Soares, que teve seu carro danificado ao cair em um buraco na avenida Bandeirantes, uma das principais vias de acesso da cidade.

De fato, o problema dos buracos por conta de um asfalto frágil e precário tem ocorrido todos os anos, e com a chegada do período chuvoso, entre outubro e maio, a situação piora e a prefeitura não consegue manter as ruas adequadas para o trânsito.

Sem esperança de que a prefeitura resolva ou pelo menos melhore a situação, a 15 dias da saída do atual prefeito Alcides Bernal (PP), algumas pessoas estão se juntando em grupos no WhatsApp para trocar informações com fotos sobre os locais que representam mais risco, uma espécie de catalogo virtual dos buracos.

É o caso do grupo batizado de “Vizinhos do Tayamã”, na região do Carandá Bosque. A ideia, segundo um de seus participantes, nem é chamar a atenção das autoridades, porque há quase um consenso de que isso não adiantaria muito, mas manter-se bem informado e ficar sempre em alerta para evitar determinadas ruas e avenidas.

Veículo Sw4 Hillux caiu em buraco da Via Parque e teve que ser guinchado (Foto: Direto das Ruas)
Veículo Sw4 Hillux caiu em buraco da Via Parque e teve que ser guinchado (Foto: Direto das Ruas)

Na noite desta quarta-feira, um dos raros dias sem chuva em Campo Grande, uma caminhonete Toyota Hilux caiu em um buraco na Avenida Via Parque, esquina com Diogo Bernandes. A roda dianteira direita ficou presa e o veículo teve que ser guinchado.

“Essa cratera parece ter surgido do nada, a gente nem conseguiu ver e caímos no buraco”, disse Suellen Ramos, que estava acompanhada do marido e do filho de um ano. Felizmente, segundo ela, apesar dos danos materiais no veículo, ninguém ficou ferido.

Na terça-feira, a vítima dos buracos foi o músico Rodrigues Faleiros. O carro dele caiu em buraco na rua Abrão Julio Rahe, próximo da Rio Grande do Sul, região central de Campo Grande, a roda dianteira esquerda do veículo ficou presa e ele teve que acionar o guincho.

“Estava chovendo muito e não vi o buraco por causa da enxurrada”, comentou. Enquanto observava o trabalho do caminhão do guinho, Faleiros contabilizava os prejuízos. Além da pertubação pelo contratempo, ele avaliou que somente com a troca de pneu irá gastar R$ 330. “Deve ficar tudo em R$ 1 mil, no mínimo”, estima o músico.

Alexandre Santana, que trabalha em um escritório de advogacia em frente ao local do acidente, e acompanhou o transtorno com Rodrigues Faleiros, aproveitou para denunciar a existência de uma cratera na rua Rio Grande do Sul. “Já liguei várias vezes para a prefeitura que mandou uma equipe par aver o buraco, mas se limitou apenas a fazer uma sinalização com cone”, lamentou.

Na rua Rio Grande do Sul, morador disse que acionou a prefeitura, que foi ao local e apenas sinalizou o buraco com um cone (Foto: Amanda Bogo)
Na rua Rio Grande do Sul, morador disse que acionou a prefeitura, que foi ao local e apenas sinalizou o buraco com um cone (Foto: Amanda Bogo)

O QUE DIZ A PREFEITURA – Na última terça-feira, dia 13, a prefeitura de Campo Grande publicou nota em seu site oficial para anunciar que a realização de serviços de tapa-buracos depende de decisão judicial.

Diz que “Venceu o contrato com as empresas que auxiliavam e faziam a maior parte do serviço, foi realizada licitação para contratar 35 equipes - cinco para cada uma das sete regiões da Capital, porém, uma das empresas não habilitadas recorreu à Justiça e conseguiu proibir a homologação do procedimento. Com isso, não houve assinatura de contratos e o serviço não pode ser realizado”.

Ainda de acordo com a prefeitura, a empresa reclamante, a RR Barros Serviços e Construções Ltda descumpriu item importante do edital, já que apresentou o mesmo responsável técnico apresentado pela empresa Pavitec, o que a inabilitou.

Na nota oficial, o curioso é que a própria prefeitura se refere ao asfalto na cidade como de péssima qualidade. "Basta uma chuva e o asfalto de Campo Grande fica completamente cheio de buracos. Além da malha viária da cidade ser de péssima qualidade, os contratos com as empresas encerraram e apenas as equipes próprias da prefeitura estão realizando o serviço de tapa buracos", diz a nota.

Direto das Ruas - É um canal de interação, via aplicativo no WhatsApp, entre a redação do Campo Grande News e o leitor. Por aqui as pessoas podem enviar flagrantes, sugestões de matérias, notícias, fotos, áudios e vídeos, exatamente como fez Suellen Ramos, a proprietária do veículo Hillux que caiu em um buraco na Via Parque na noite da última quarta-feira. Seja um colaborador pelo número (67) 99687-7598.

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