Sem garantia contratual, Santa Casa não retoma atendimento, diz diretor
Sem a garantia contratual consistente da Prefeitura de Campo Grande, a Santa Casa vai manter suspenso o atendimento ambulatorial, que desde ontem deixou de atender pacientes com cirurgias eletivas marcadas. Diariamente cerca de 400 pacientes são prejudicados como fechamento do ambulatório.
Conforme Wilson Teslenco, diretor-presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), entidade gestora da Santa Casa, se a Prefeitura não rever a proposta feita a entidade o atendimento vai continuar parado. "Não temos segurança alguma em assinar um contrato que valerá apenas 25 dias. Queremos poder planejar o trabalho e melhorar o atendimento no Hospital, por isso reiteramos a necessidade de um contrato de cinco anos", declarou ele, em entrevista ao programa Tribuna Livre, da Rádio Capital, na manhã de hoje.
Segundo Teslenco, a proposta da Prefeitura é um contrato apenas para o mês de maio, ou seja, 30 dias a menos que o anunciado pelo secretário municipal de Saúde Jamal Salem na semana passada. Neste período, o município repassaria R$ de R$ 3 milhões seria suficiente apenas para a baixa e média complexidade, R$ 1 milhão a menos do valor exigido pela Santa Casa.
Para complicar ainda mais a situação, o administrador do Hospital disse que depois de maio a proposta da Prefeitura é reduzir o repasse para R$ 1,5 milhão mensais durante um ano, com a perspectiva de o Estado aumentar a contribuição. Segundo Teslenco, a Santa Casa vem negociando com o município desde outubro de 2013.
Nesse tempo, ele disse que teve várias conversas com a prefeito, com o secretário estadual de Saúde e, por duas vezes, esteve em Brasília com o ministro da Saúde Arthur Chioro. "O Estado e o Ministério da Saúde não aumenta seus repasses, como a Prefeitura gostaria. Então, sem o valor solicitado fica difícil mantermos o atendimento, uma vez que isso poderia inviabilizar o funcionamento da Santa Casa", explicou.
O administrador da Santa Casa foi enfático na necessidade de firmar um contrato de, no mínimo, cinco anos com a Prefeitura, com possibilidade de reajuste anual no valor do repasse para recompor perdas inflacionárias. Dessa forma, seria possível o planejamento administrativo a médio prazo. "A saúde precisa ser tratada como prioridade pelo gestor. O paciente que chega ao hospital necessita do atendimento na hora. Com planejamento conseguimos trabalhar para promover melhorias no atendimento", destacou.
Wilson Teslenco deixou claro que está aberto à negociação e a qualquer momento o Hospital pode retomar o atendimento, caso a Prefeitura reveja a proposta apresentada. Ressaltou ainda que a paralisação não foi uma decisão solitária da administração, mas em conjunto com os conselhos Municipal e Estadual de Saúde, representantes dos usuários e da sociedade.