Servidor e pescadora são levados à PF em operação sobre esquema no PR
Operação investiga fraudes milionárias no repasse de bolsas de estudo a pessoas sem vínculos com à universidade entre 2013 e 2016
A 3ª fase da operação 'Research' (pesquisa, em inglês) da Polícia Federal, que apura o desvio de R$ 7,3 milhões da UFPR (Universidade Federal do Paraná), levou um funcionário público da prefeitura de Campo Grande e uma pescadora de Corumbá, para prestarem depoimentos na Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira (31).
A PF não revelou os nomes dos conduzidos coercitivamente, nem detalhes do envolvimento de cada um deles no esquema. No entanto, conforme apurado pelo Campo Grande News, o servidor público não teria envolvimento no caso, apenas estaria prestando informações para contribuir com a operação. Já a pescadora, teria sido usada como laranja no esquema.
Segundo as investigações da PF, eram feitos pagamentos sistemáticos, mensalmente, a pessoas que não têm qualquer vínculo com a UFPR, seja como professores, servidores ou alunos.
Foi constatado que grande parte sequer possui curso superior, tendo sido verificado, ainda, que a maioria possui profissões como cabeleireiro, motorista de caminhão, cozinheiro e outras atividades que não exigem qualificação superior.
Além de Campo Grande e Corumbá, a PF também efetua as buscas nas cidades paranaenses de Curitiba e São José dos Pinhais (PR), além de Natal (RN).
Dos 18 mandados de condução coercitivas emitidos pela Justiça, apenas um não foi cumprido, pois a pessoa estava hospitalizada. A polícia também executou um mandado de busca e apreensão.
Esta etapa da investigação tem como objetivo o rastreamento do destino dos recursos públicos creditados nas contas dos falsos bolsistas, identificando outros possíveis beneficiários. Também visa apurar o envolvimento de empresa fornecedora de produtos para a UFPR.
Histórico - Um total de 36 pessoas, algumas de Mato Grosso do Sul, já foram denunciadas na Justiça Federal pela Procuradoria-Geral da República pela Operação Research. deflagrada em fevereiro pela PF.
Os denunciados estão envolvidos, conforme as apurações da PF, em um esquema de desvio de verbas destinadas a bolsas de pesquisas da UFPR (Universidade Federal do Paraná). A operação já está na segunda fase e estima-se que R$ 7,3 milhões foram desviados por três grupos familiares que compõem a fraude.
Em Mato Grosso do Sul, a investigação tem como um dos alvos Adhemar Abreu Mendonça, irmão da funcionária da UFPR suspeita de liderar um desses núcleos, Conceição Abadia de Abreu Mendonça, que foi afastada do cargo de chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária e teve prisão preventiva decretada. Já Adhemar foi candidato a vereador em Campo Grande em 2004.
Na primeira fase da Research, realizada em 15 de fevereiro, o advogado Arthur Constantino da Silva Filho, suspeito de ser falso bolsista, disse que foi contratado por Adhemar, que é seu vizinho, para regularizar um imóvel da família.
De acordo com a investigação, a assessoria jurídica foi paga com dinheiro que deveria ser utilizado para pagamento de bolsa de pesquisa da UFPR. O valor foi de R$ 17.400, sendo R$ 2 mil de honorários somados a custos de impostos e demais taxas.