Sob pressão, prefeitura suspende corte de plantões para ampliar debate
O secretário de Saúde Jamal Salem (PR) garantiu, durante Audiência Pública realizada na Câmara Municipal nesta sexta-feira (20), que até que haja um maior debate quanto a manutenção ou corte dos plantões dos servidores que atuam na rede pública de saúde do município, “tudo ficará como está”, ou seja, médicos, enfermeiros, técnicos e administrativos não terão escalas alteradas.
Segundo o secretário, algumas unidades de saúde passaram por um processo de remanejamento, o que resultou na diminuição no números de servidores escalados, principalmente, de plantonistas, mas, diante do “impasse”, esse processo será interrompido.
Alguns servidores que participavam da audiência relataram que os cortes já estavam sendo feitos, no entanto, todas as deliberações anteriores serão consideradas “nulas”, segundo o secretário.
Uma comissão multidisciplinar formada por representantes de diversas categorias de trabalhadores em saúde, vereadores, e Executivo deve se reunir na segunda-feira (23) para debater novamente o assunto.
O secretário municipal de administração Wilson do Prado se mostrou preocupado com a situação durante a audiência. Segundo ele, diante das dificuldades financeiras do município, o corte no número de plantões é “necessário”. Com o corte, os servidores poderão fazer no máximo dez plantões, ao invés de 14.
“Infelizmente temos que fazer esses cortes, porque há determinação para enxugarmos os gastos e economizar cerca de R$ 5 milhões. Isso pode até gerar um reflexo quanto a pontualidade no salário dos demais servidores. Estamos com dificuldades porque estamos com poucos incentivos, como a redução do repasse do ICMS, por exemplo, que era R$ 27 milhões e caiu para R$ 18 milhões”, disse.
Protestos - Munidos com cartazes, faixas e nariz de palhaço, cerca de 450 servidores, entre administrativos, enfermeiros, técnicos e médicos que atuam na rede pública de saúde do município, lotaram a Câmara Municipal de Vereadores nesta tarde. Eles questionam o corte nos plantões.
Segundo Sonia Maria Ferreira dos Santos, presidente da Associação dos Enfermeiros de Campo Grande, a categoria tem uma jornada de 40 horas semanais e os plantões representam pelo menos 50% dos ganhos mensais dos servidores. Com o corte, o profissional que antes tinha direito a 14 plantões agora só poderá assumir dez por mês.
Já o presidente do sindicato dos trabalhadores de enfermagem e técnicos de enfermagem do município, Hederson Fritz Morais, acredita que o corte nos plantões irá acarretar em sobrecarga para o servidor, tendo em vista que a demanda é crescente.
A coordenadora do fórum estadual de saúde, Silmara Teixeira, ressalta que, infelizmente, os plantões representam “boa parte” dos salários dos servidores, além disso, são necessários para suprir o deficit existente na saúde.