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Capital

Sobre mortes de bebês, hospital diz "se esforçar" contra deficiências

MPMS cobra esclarecimentos sobre mortes de 20 crianças em seis meses na Santa Casa

Por Kamila Alcântara | 05/06/2024 17:12
Fachada do prédio da Santa Casa em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada do prédio da Santa Casa em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Após o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) cobrar explicações da Santa Casa e da Prefeitura de Campo Grande sobre mortes de bebês com cardiopatias, o hospital respondeu que todo o trabalho sempre ocorre com "máxima diligência e profissionalismo por parte de toda a equipe envolvida".

Mesmo assim, reconhece que o pré-natal é falho em toda rede pública, o que prejudica o diagnóstico já na fase intrauterino e poderia garantir acompanhamento especializado.

O hospital fala em “dificuldades enfrentadas pela rede de saúde em encaminhar gestantes para o acompanhamento oportuno, o que por vezes resulta em identificações tardias de complicações na gestação". Mas o hospital garante que "se esforça para superar esses desafios, proporcionando consultas frequentes e planejamento adequado do parto, visando o nascimento da criança nas melhores condições possíveis”.

Em andamento na 32ª Promotoria de Justiça, sob responsabilidade de Daniela Costa da Silva, as investigações iniciaram a partir do relato da enfermeira Gabrielle Montalvão, que no ano passado contou ao Campo Grande News a situação dramática que vivenciou, em ver o filho Caleb, de 3 meses, nascido com doença cardíaca, perder a vida enquanto esperava atendimento no hospital.

Em nota enviada ao Campo Grande News, nesta quarta-feira (5), o histórico do bebê Caleb é citado. Segundo a Santa Casa, ele foi admitido com um quadro de insuficiência respiratória aguda e, exames iniciais, não evidenciaram comprometimento cardíaco. “No entanto, devido à gravidade da condição respiratória preexistente, que se caracterizava por uma pneumonia viral severa, o estado de saúde de Caleb se deteriorou, levando ao seu triste falecimento”, alega.

Durante o processo de esclarecimento ao MPMS, a Santa Casa admitiu superlotação nos seis leitos credenciados para crianças com cardiopatia. Conforme a resposta enviada pela presidente Alir Terra e pelo diretor-clínico, William Leite Lemos Jr, há centro cirúrgico específico, com equipe multidisciplinar, seguindo padrões da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca e protocolos internacionais.

Além disso, outro ponto destacado é de que são feitos cerca de 150 procedimentos, com taxa de mortalidade de 14%, constando no documento que a média nacional chega a 17%. As cirurgias são eletivas ou realizadas de forma emergencial. Ao todo, são 60 pediatras e especialistas em diversas áreas, dentre eles, dois cirurgiões cardíacos e três cardiologistas pediátricos.

Por fim, com relação a lotação, o hospital reforça que está em comunicação com outros hospitais e comunica o Ministério Público sobre a situação, mas com negativas de regulação, realocam pacientes entre as especialidades.

Denúncia de Fato - Com a morte de Caleb, Gabrielle transformou e a dor em luta e se reuniu com outras mães de crianças com doenças cardíacas, fundando o instituto Um Só Coração. Segundo consta em publicação da investigação do MP, ela relatou que a entidade reunia cerca de 60 famílias. A enfermeira apontou à Promotoria ter conhecimento de 20 mortes de bebês ao longo do período de seis meses e defendeu que havia falta de profissionais e demora nos procedimentos cirúrgicos urgentes.

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