Terreno municipal vira moradia de invasores e até de igreja
Uma área pública de cerca de um quarteirão virou ponto de ocupação de invasores e acúmulo de mato, no Jardim Panorama, em Campo Grande. Até uma igreja tenta ocupar parte da área e iniciou a construção de um pavilhão.
De acordo com os vizinhos e a presidente do bairro, o terreno está abandonado há cerca de 15 anos. A invasão começou por em uma das extremidades, com a construção de casas. Pelo menos três famílias vivem na área.
“Já estão até repassando os terrenos. Quem invadiu já vendeu a casa para outros, mesmo sem ter a posse da área”, diz a presidente do bairro, Maria Suênia de Lima.
Na outra extremidade, quem enxergou na área abandonada uma possibilidade de garantir um terreno sem precisar comprar foi a liderança de uma igreja. Em alguns meses, no ano de 2011, os membros da igreja ergueram um pavilhão e iniciaram a limpeza da área.
“Chegaram, cercaram a área e começaram a construir. A questão está na Justiça agora, tem uma ação civil pública contra a igreja”, diz a presidente.
No site da Igreja Mensagem do Amor de Deus existe até um banner pedindo doações para a construção das futuras instalações da igreja.
Os moradores reivindicam o terreno para construção de área de lazer a sede da associação do bairro. “Nós não temos nenhuma área de lazer no bairro e essa é a única área pública que temos para isso”, diz.
Além disso, os vizinhos reclamam que a área abandonada está servindo de criadouro para mosquito da dengue e depósito de entulhos.
“É um mato horrível isso aí. Ninguém limpa e parece que estão invadindo cada vez mais o terreno”, diz a moradora Evanir de Queiroz, de 72 anos.
Igreja - O líder da igreja, pastor Denilson Maria da Silva, diz que tem abaixo-assinado com 800 assinautras de moradores que apóiam a construção da igreja na área. Ele ainda afirma que iniciou a obra depois de ter autorização verbal de um funcionário da Prefeitura, que ele não quis identificar.
Ele afirma que protocolou pedido de doação da área em 2009 e que na época não existia nenhuma reivindicação dos moradores para uso do local. O pastor diz que as obras foram paralisadas em dezembro de 2011 após recomendação do Ministério Público, que tem ação civil pública sobre a invasão da área.
“Foi uma recomendação pra que parássemos a obra até que a ação fosse resolvida”, diz.
No entanto, os moradores dizem que funcionários continuaram trabalhando no local e ainda hoje alguns membros da igreja vão até a área. O pastor diz que são apenas realizados serviços de manutenção e limpeza para preservação da área.
O Campo Grande News pediu um posicionamento da Prefeitura de Campo Grande sobre a área, mas não houve retorno.