Trabalhadores da construção e lojas faturam com lei que regula calçadas
Comércio do setor tem aumento de 50% nas vendas de piso tátil e material chega a faltar
Depois que a varredura da prefeitura em comércios e residências para o cumprimento dos parâmetros da acessibilidade nas calçadas começou, construtores e lojas de revendas não tem do que se queixar. O número de notificações reflete na mão-de-obra e na compra de materiais de construção.
O piso tátil chegou a faltar em alguns comércios da Capital e tem trabalhador correndo contra o tempo para dar conta de tanto serviço. “A gente não está dando conta, não é que está recusando, mas o jeito é terminar em três dias no máximo. Tem bastante serviço, mas é melhor para nós não é?” comenta o pedreiro Ismael Gonçalves, 23 anos.
Ele trabalha agora em uma obra na Rua 13 de Maio. A colocação do piso tátil já terminou de um lado e os construtores esperam a chegada de mais material para continuar.
Ismael fala que a única folga que teve foi neste domingo, depois de 47 dias trabalhando direto. “É um dinheiro bom entrando, depois desse já tem outro serviço. Só nesta semana foram seis para por o piso”, acrescenta.
A ausência de material nas revendas da cidade tem dificultado o andamento do serviço. “Está com muita falta, a gente tem que apertar as fábricas e dizer que precisa rápido, urgente, isso aqui tem que estar pronto amanhã, meio-dia”, completa Ismael.
A média de preço do piso de 40 cm por 40 cm é de R$ 9,00 a peça. Já na medida de 20 cm, a unidade é vendida a R$ 3,00.
“Nós aqui não estamos em falta. Mas chegamos a pedir de fora, da loja de Dourados porque a indústria ia demorar para entregar”, relata Aparecido.
A explicação para o aumento nas vendas vem das 3 mil notificações que a prefeitura vem fazendo de janeiro até o dia 13 de maio. De acordo com a prefeitura, destas 40% já foram solucionadas.
Durante a tarde, a equipe do Campo Grande News circulou pela região central e encontrou em uma única quadra, na Rua Barão de Melgaço, três obras em andamento.
O construtor de uma delas, Luiz Correia, 42 anos, esperou três semanas para a chegada do piso e já avisa “se não encomenda antes, fica sem mesmo”. Segundo ele, a fábrica não está vencendo e desde que a regulamentação virou lei.
A procura pelo piso tátil aumentou e as vendas também, desde que a prefeitura começou a identificar e notificar imóveis que não se adequaram às leis de acessibilidade. Nos últimos 20 dias, o gerente Aparecido Emídio da Silva viu os pisos saírem como água. As vendas aumentaram em média 50%.
“Aumentou bastante nos últimos dias. Antes a saída era só para construção de casas novas, mas quando a prefeitura começou a pegar mais pesado, o pessoal corre para cumprir”, explica.
Na loja o material ainda não chegou a faltar, o prazo de entrega que a indústria pede é de cinco dias. Para não deixar o cliente na mão, o gerente teve de reforçar o estoque em 30%.