Única região ainda sem casos confirmados teme que movimento traga o coronavírus
Mas, mesmo com medo, a segunda-feira foi dia de retomar o trabalho em busca do sustento
Na única região de Campo Grande ainda sem casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19), os comerciantes também reabriram as portas nesta segunda-feira (dia 6) e já é possível sentir no ar o temor de que a maior movimentação de pessoas resulte em confirmação da doença.
O mapa Sisgran-Coronavírus, da prefeitura de Campo Grande, mostra que até a sexta-feira ( dia 3) o Anhanduizinho era a única região da cidade sem pontinho vermelho, usado para mostrar caso confirmado de coronavírus.
A região concentra bairros como o Aero Rancho, o mais populoso de Campo Grande, Parati, Los Angeles e Pioneiros. Dentre os entrevistados hoje pela reportagem, todos desconheciam o mapa de georrefenciamento do coronavírus, porém logo afirmavam que, com a maior circulação, não deve tardar a primeira confirmação.
Mas, mesmo com medo, a segunda-feira foi dia de retomar o trabalho em busca do sustento. “Continuo com medo do vírus, mas tem a necessidade de voltar a trabalhar”, afirma Ludmila Leite, 22 anos, vendedora em uma loja de presentes no bairro Parati.
A volta é com muito álcool em gel e clientela escassa. Fechada por duas semanas, a loja teve apenas dois clientes no período da manhã.
A comerciante Aline Ellen de Oliveira, 34 anos, é proprietária de ótica e estava na loja com o filho recém-nascido. As medidas de proteção incluem porta aberta e o pedido para que o cliente veja os óculos da porta mesmo.
Ela higieniza os óculos solicitados e leva até ao comprador. “Antes, estava atendendo pelo telefone e consegui fazer algumas vendas, o suficiente para não ter prejuízo. Agora que abri a loja, tem mais gastos, como de energia elétrica, e espero que o movimento aumente”, afirma.
Dona de três lojas, sendo uma no bairro Parati, Andrea Antunes conta que conseguiu manter o quadro de quatro funcionários, mas lamenta o movimento fraco. Fora as finanças, também se preocupa com a família, principalmente com a mãe idosa. “Agora, com o comércio aberto. O primeiro caso deve aparecer”.
“Tudo depende das pessoas, a gente te que ter cuidado”, afirma aposentada Regina Célia, 55 anos, que mora no bairro Parati. Com baixa imunidade devido à doença crônica, ela estava na rua hoje, mas usava máscara e álcool em gel. A saída de casa foi para compra chocolate, destinado à produção de ovos de Páscoa.
Na Avenida Rachel de Queiroz, no bairro Aero Rancho, Antônio Carlos Junior colocou grade na frente da loja de utilidades. O atendimento com o cliente do lado de fora é uma medida para tentar se proteger do novo coronavírus. Os efeitos da doença na economia ele já testemunha. “Vou ficar com a loja aberta o máximo possível, tenho que pagar aluguel, conta de água, conta de luz, tirar o sustento. Já estou no vermelho”, afirma.