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Capital

Usado para jogo de azar, lava a jato não levantou suspeitas na vizinhança

À reportagem, funcionário do estabelecimento disse nesta quinta-feira (18) que não sabia de nada

Por Jéssica Fernandes e Antonio Bispo | 18/07/2024 09:51
Fachada do lava-a-jato onde foram achadas máquinas caça-níqueis. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada do lava-a-jato onde foram achadas máquinas caça-níqueis. (Foto: Henrique Kawaminami)

O lava a jato que também funcionava como ponto para jogos de azar não levantou suspeitas no Bairro Vila Carvalho. Vizinho que reside próximo ao estabelecimento afirmou nesta quinta-feira (18) que o entra e sai de carro era encarado com normalidade.

O estabelecimento que nos fundos tinha uma sala à parte onde rodava o jogo ilegal não chamava atenção. O vizinho fala que sempre tinham clientes no lugar, porém nunca desconfiou de nada.

“Eu sempre vejo bastante movimento aí, mas porque é um lava a jato, então toda hora tem carro entrando e saindo. Mas nunca ouvi falar que tinha máquinas lá dentro. Mas pra evitar briga com eles, vou preferir não falar mais”, afirma.

Máquinas caça-níqueis instaladas no estabelecimento da Vila Carvalho (Foto: Direto das Ruas)
Máquinas caça-níqueis instaladas no estabelecimento da Vila Carvalho (Foto: Direto das Ruas)

O Campo Grande News esteve no estabelecimento nesta manhã onde encontrou um funcionário. À reportagem, ele comentou que “não sabia o que tinha acontecido” e que o proprietário estava no local.

Entenda o caso - Ontem à noite, a Polícia Militar foi acionada após receber denúncia de que uma mulher teria sido levada à força para os fundos do local. Ao chegar no endereço, a equipe não encontrou a possível vítima, mas achou seis máquinas caça-níqueis no quarto.

Irmãos, um homem, de 54 anos, e uma mulher, de 53 anos, foram conduzidos à delegacia. Eles relataram que recebiam R$ 2 mil por mês para deixar a jogatina acontecer no ponto.

No local, a PM encontrou apenas o valor de R$ 122 em células.

Fachada da casa no Bairro Jardim São Bento onde foram encontradas as máquinas caça-níquel (Foto: Marcos Maluf)
Fachada da casa no Bairro Jardim São Bento onde foram encontradas as máquinas caça-níquel (Foto: Marcos Maluf)

Outras apreensões - Em 2024, outros endereços também foram alvo de apreensões de máquinas caça-níqueis. Na área nobre da Capital, no Jardim São Bento, a Polícia Militar encontrou 14 máquinas no dia 27 de maio. As máquinas foram avaliadas entre R$ 30 a R$ 40 mil. O local ficou mais de 1 ano com placa de aluga-se e foi reformada para comportar a atividade.

Já no Bairro Guanandi, a Lanchonete do "Gordão" também funcionava para apostas ilegais. O estabelecimento, cuja fachada anuncia porções, caldos, pastel, x-salada e x-bagunça, além do “copão” a R$ 10 e vodka com energético, também lucrava com jogos de azar.  No dia 29 de maio, 16 máquinas caça-níqueis foram apreendidas e policial penal aposentado acabou preso.

Com menos "glamour", que a primeira casa, a PM fechou dois endereços no Bairro Aero Rancho no dia 3 de junho. Os pontos que lucravam com jogos de azar estavam instalados a poucos metros um da outro, na Avenida Tancredo Neves, uma das mais movimentada do bairro.

Bar no Aero Rancho onde máquina caça-níquel foi apreendida em junho. (Foto: Arquivo/ Juliano Almeida)
Bar no Aero Rancho onde máquina caça-níquel foi apreendida em junho. (Foto: Arquivo/ Juliano Almeida)

O que diz a lei? - Cassinos ou qualquer atividade que inclua jogos de fortuna ou azar não são autorizados no Brasil. Os anos anteriores a 1946 são considerados “era de ouro” da jogatina no País, quando o presidente Getúlio Vargas legalizou a prática para fomentar o turismo.

O artigo 50 da Lei de Contravenções Penais, restaurado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, em 46, proíbe “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele” e prevê pena de prisão para quem descumprir essa regra.

Até 1993, apostas ficaram totalmente proibidas no Brasil até que, durante o governo Itamar Franco, a Lei nº 8.672, conhecida como “Lei Zico”, autorizou o retorno dos bingos promovidos por entidades esportivas, apenas para arrecadar recursos para fomentar os esportes no País. A liberação foi derrubada em 1998.

*Matéria editada às 10h11 para acréscimo de informações

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