UTI para quem tem sobrenome: prefeito diz “verdades” para manter pessoas em casa
“É difícil? É difícil. Angustiante, mas é necessário, não temos outra alternativa", diz prefeito sobre isolamento social
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) não economizou nas “verdades” numa tentativa desesperada de manter pessoas em casa. Nesta sexta-feira (27), ele apelou para uma dura realidade: com apenas 256 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) na Capital, é provável que pessoas mais pobres não consigam atendimento.
“Imagina que a probabilidade, aqui na nossa cidade, seja 1%” necessitando de tratamento intensivo, disse Marquinhos, que fez cálculos. “Serão 9.150 pessoas. Quem que vai ocupar esses leitos? Quem tem nome e sobrenome. A verdade é essa”, disse chamando a atenção de moradores de vários bairros da periferia.
O chefe do Executivo municipal fez outra ponderação para ressaltar que talvez, nem o dinheiro salve alguém do coronavírus. Lembrou a história de bilionário americano que não conseguiu tratamento. “Olha como a gente não vale nada, ser humano é ‘tititica’”.
Marquinhos também citou ainda a campanha “Milão não para” encampada pelo prefeito da cidade italiana que tem mais de 4 mil mortos pela Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Giuseppe Sala se arrependeu e pediu desculpas.
O prefeito, por fim, contou aos expectadores que só hoje 917 pessoas morreram na Itália, que as cremações são coletivas e as despedidas dos pacientes à beira da morte por tablet. Tudo para dizer que todas as medidas restritivas que impôs são para evitar que Campo Grande chegue ao ponto de não conseguir tratar dos doentes.
“É difícil? É difícil. Angustiante, mas é necessário, não temos outra alternativa. Se alguém tiver alternativa diferente, que vai trazer proteção para população, avisa, porque o mundo está querendo saber. Quase a metade da população do planeta está em casa. O mundo inteiro está dentro de casa, será que a gente deve voltar às ruas? Quem está certo nessa história?”. Veja o trecho:
Marquinhos está sendo pressionado pelo setor empresarial a autorizar, principalmente, a reabertura do comércio. Boa parte dos empresariado campo-grandenses é adepto à proposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de isolamento vertical, quando só idosos e pessoas dos grupos de risco ficam confinadas, mas a população economicamente ativa, fica liberar para levar vida normal.