Vídeo flagra perseguição, briga e jovem esfaqueado no centro da Capital
Hildo, de 21 anos, foi morto no dia 2 julho após ser atingido por facada no peito. Autores continuam foragidos e Polícia espera pistas com divulgação das imagens
A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (10) as imagens de quatro câmeras de segurança que foram decisivas para esclarecer as circunstâncias do assassinato de Hildo Francis Miranda Gonzaga Vito, 21 anos, e identificar os rostos dos dois autores. Dois homens chegaram a ser detidos como suspeitos, mas os autores continuam foragidos.
As imagens são de comércios e uma casa lotérica da região central de Campo Grande. O crime de latrocínio – tentativa de roubo seguida de assassinato – aconteceu no dia 2 de julho, no cruzamento das ruas Rui Barbosa e Sete de Setembro.
Hildo saiu de sua casa na região central, onde também trabalhava, e iria pegar um ônibus no Mercadão Municipal para visitar a mãe no município de Terenos/MS. O assassinato aconteceu por volta das 5h50 da manhã.
Pelas investigações com as imagens capturadas, a delegada Daniella Kades narra que Hildo seguia pela rua 15 de Novembro, sentido 13 de Maio, e os dois autores pela mesma via, em sentido contrário. Após avistar a vítima, os dois começam a correr atrás de Hildo, virando na Rua Rui Barbosa.
A perseguição segue por cerca de uma quadra, até que no cruzamento com a 7 de Setembro inicia-se uma luta corporal. Os autores puxam a mochila de Hildo, que tenta resistir e é agredido pelos indivíduos, além de ter a mochila rasgada.
Neste momento, segundo a Polícia Civil, o jovem é atingido com uma facada no peito. A luta só termina quando uma motocicleta pela rua e os autores fogem.
O golpe perfurou apenas cerca de 1cm da pele da vítima, mas provocou a morte do jovem porque atingiu a veia do coração, de acordo com a delegada.
Mesmo esfaqueado, o jovem andou tranquilamente por cerca de meia quadra, na 7 de Setembro, até cair no chão. A delegada acredita que ele ainda não tinha sentido o ferimento.
Segundo Daniella, as câmeras de segurança de outros comércios mostram os mesmos autores correndo atrás de uma garota de programa, momentos antes do assassinato. A menina conseguiu escapar ilesa.
Com a divulgação das imagens, a Polícia Civil espera chegar até os autores. Quem tiver alguma informação pode ligar para os telefones: 3312-5735 / 3312-5738. A investigação garante o sigilo da identidade dos informantes.
Suspeitos - A partir das imagens do rosto dos autores, a polícia apreendeu dois suspeitos, mas que não tiveram a participação no crime comprovada. Um dos detidos é um rapaz conhecido na região central por guardar carros e ser usuário de drogas, com o apelido de “Binho”.
De acordo com a delegada, o suspeito é temido pelos outros andarilhos da área e conhecido por “solta faca fácil”. Com ele foi apreendida uma faca, sem vestígios de sangue, mas que foi encaminhada para a perícia.
“Queremos ver se com a ajuda de reagentes é possível encontrar sangue e identificar se é humano, com o DNA”, explica Daniella.
No entanto, a delegada ressalta que dificilmente será encontrado algum vestígio de sangue, já que o crime aconteceu em um dia frio e Hildo usava três casacos. O resultado do exame ainda não ficou pronto e “Binho” está solto, já que sua autoria não foi comprovada.
O outro suspeito é Sandro Gomes da Silva, de 24 anos, conhecido por “vermelhinho”. De acordo com Daniella, o rapaz parece muito com um dos autores do vídeo, mas no momento da prisão usava cabelo curto e o autor aparece nas imagens com o cabelo cumprido.
“Já averiguamos se quando estava na prisão ele usava cabelo cumprido e pelas imagens que conseguimos o seu cabelo era médio. Mas não sabemos se na época que passou para o semi-aberto o Sandro estava com o cabelo cumprido”, explica.
Ele tinha conseguido passar para o regime semi-aberto três dias antes do assassinato. Sandro cumpria pena por roubo no Presídio de Segurança Máxima, antes de ser transferido. Por ter sido flagrado andando na rua às 3h da madrugada, infringindo as regras do semi-aberto, Sandro está preso.
Os dois suspeitos têm diversas passagens pela Polícia, mas nenhuma por homicídio, e são usuários de drogas. A delegada explica que outro fator que levanta dúvidas sobre a autoria dos suspeitos é o vestuário que aparece nas imagens.
“O Sandro geralmente usa roupas largadonas e no vídeo aparece de calça jeans, camiseta. Os nóias – usuários de drogas – geralmente não se vestem igual aos autores do vídeo, mas estamos investigando”, justifica.
Investigação - As investigações até o momento descartam as suspeitas de homicídio encomendado ou acerto de contas. De acordo com a delegada, Hildo não era usuário de drogas ou tinha desavenças e dívidas.
No entanto, existe a suspeita de que os autores conhecessem a vítima da região, já que Hildo trabalhava em uma conveniência da área central e os colegas de trabalho disseram ser comum os funcionários ajudarem os andarilhos.
“Ele estava de capuz quando foi abordado, então os autores podem não o ter reconhecido”, diz a delegada.
Nenhum amigo ou familiar da vítima identificou os autores das imagens.