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Capital

Vídeo mostra volta de presos foragidos: "é frequente", diz policial penal

Servidor teme pela própria segurança e afirma que categoria não recebe auxílio da Agepen

Por Bruna Marques | 13/10/2023 09:42


Vídeo mostra detentos do Estabelecimento Penal de Regime Aberto Caso do Albergado pulando o muro e usando corda como auxílio para voltar à unidade, após fugirem durante a madrugada desta sexta-feira (13). Policiais penais que trabalham no presídio, situado na Rua Américo Marquês, no Lardo Trabalhador, reclamam da falta de segurança e assistência por parte da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

De acordo com um policial penal que não quis se identificar, a fuga dos presos na Casa do Albergado é recorrente, segundo ele, todas as noites os detentos saem pelo telhado da unidade e durante a madrugada voltam trazendo droga e objeto.

“Aquilo é frequente, se um dia vocês ficarem lá na madrugada vão flagrar. Acontece todos os dias, eles saem da cela pelo teto. O telhado tem abertura, não tem forro e nem laje, é um barracão, eles escalam e fogem”, revela o servidor.

Segundo o policial, o efetivo que atua dentro do presídio de regime aberto está defasado, durante os plantões, apenas dois servidores são escalados para cuidarem de cerca de 400 presos. Ele afirma que a situação sai fora do controle, uma vez que não trabalham armados, para se defenderem em uma situação de perigo.

“Estamos desamparados, aquilo lá é uma bomba-relógio. Quando acontece alguma coisa temos que acionar a Polícia Militar, tememos pelas nossas vidas, não trabalhamos armados, não conseguimos ter amparo”, lamenta o policial.

No vídeo enviado ao Campo Grande News pelo canal Direto das Ruas, mostra os presos voltando para a unidade penal usando o auxílio de uma corda. O servidor conta que os detentos levam para a cela droga, objetos e bebidas alcoólicas.

“Todos os dias chegam presos, as celas são desumanas, cerca de 90 presos em um mesmo local. Insalubre para nós policiais penais que entramos lá para fazer vistoria.”

O policial afirma que a Agepen não presta assistência necessária para os servidores trabalharem em segurança e afirma ter medo da situação. Além disso, o trabalhador teme que algo grave aconteça com ele e seus colegas.

“Queremos que as pessoas se coloquem no nosso lugar. Não somos ouvidos, só seremos ouvidos quando algo acontecer. A Agepen não olha por nós, vai ter que acontecer o pior para eles tomarem uma atitude. Temos família e não quero que aconteça nada comigo e com meus colegas. Essa situação é perigosa até para a sociedade que mora no entorno”, finaliza.

De acordo com o presidente do Sinsapp-MS (Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul), André Santiago, policiais penais passaram a assumir a função da Polícia Militar, desde 2021, mas em dois anos, nenhuma lei foi regulamentada.

"Existiam mais de mil policiais militares atuando nas escoltas hospitalar e muralhas [torres dos presídio], assumimos a função desses policiais, só que não tivemos reposição funcional. Esse problema se difundiu para o estado todo, a situação é grave. Temo isso como alerta porque as torres e muralhas estão desativadas. Aí você imagina presídio onde estão detentos de alta periculosidade não ter segurança", expõe.

Segundo o sindicato, o efetivo de policiais penais em Mato Grosso do Sul é de 1.903 servidores, onde 1.500 atuam na segurança em presídios, sendo que somente 700 tem o curso que permite o porte de arma ao trabalhador. A massa carcerária do Estado, conforme revelou André Santiago, é a 4ª maior do Brasil. Aproximadamente 22 mil pessoas estão presas em Mato Grosso do Sul.

“Estamos muito preocupados com essa situação. Não temos condições de assumir mais nenhuma atividade que está sendo efetivada pela PM em que haja reposição funcional. É preciso reavaliar a distribuição de servidores nas unidades e regulamentar nossa legislação”, afirma.

O presidente chama avalia a situação como preocupante. “Estamos alertando as autoridades de um possível colapso no sistema prisional e fazendo articulação para que essa lei sai mais rápido possível, para que possa haver um concurso público”, concluiu.

Em nota, a Agepen informou que vai apurar o caso e que a unidade "passou por uma série de melhorias estruturais para reforço da segurança, entre eles ampliação no sistema de vigilância com câmeras. Outras melhorias estão sendo providenciadas".

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