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Capital

Vítima de violência, viúva de morto em confronto diz estar “triste e aliviada”

Celso Aurelindo de Oliveira foi morto a tiros pela PM, após esfaquear na cabeça um idoso de 62 anos

Bruna Marques e Antonio Bispo | 12/09/2023 08:48
Mãos da viúva de Celso Aurelindo de Oliveira durante entrevista ao Campo Grande News, na manhã desta terça-feira (12). (Foto: Henrique Kawaminami)
Mãos da viúva de Celso Aurelindo de Oliveira durante entrevista ao Campo Grande News, na manhã desta terça-feira (12). (Foto: Henrique Kawaminami)

“Estou triste e aliviada ao mesmo tempo”, diz esposa de Celso Aurelindo de Oliveira, 37 anos, morto em confronto com policiais militares na madrugada desta terça-feira (12), na Rua Jacob Bucker, no Jardim das Macaúbas, em Campo Grande.

Celso foi morto a tiros pela Polícia Militar, após esfaquear na cabeça um idoso de 62 anos, e tentar atacar os militares no momento da prisão.

A mulher de Celso, 35 anos, que não quis se identificar, contou para a reportagem do Campo Grande News nesta manhã que era casada com o homem há 16 anos. Junto com ele, a viúva tem quatro filhos, dois adolescentes de 12 e 15 anos e um casal de gêmeos de 5.

Segundo a mulher, há dois anos ela tentava se separar de Celso, mas ele não dava sossego e desrespeitava até decisão judicial. “Ele voltava para casa, arrombou a porta. Eu tinha medida protetiva contra ele, mas não conseguia se livrar”, revelou a viúva.

Apesar de lamentar a morte do marido, por conta dos filhos que ficaram sem pai, a mulher se diz aliviada em conseguir se livrar do homem. “Sentimento de alívio, mas ao mesmo tempo de tristeza, afinal ele é pai dos meus quatro filhos”, disse.

Porta da casa da viúva foi quebrada por Celso em um dia que ele tentou voltar para a residência (Foto: Henrique Kawaminami)
Porta da casa da viúva foi quebrada por Celso em um dia que ele tentou voltar para a residência (Foto: Henrique Kawaminami)

A viúva contou ainda que Celso era bom profissional, ele trabalhava na área da marcenaria, mas o vício com bebidas e drogas “destruiu tudo”, lastimou.

Questionada sobre como vai contar para os filhos sobre a morte de Celso, a mulher afirmou que os filhos os gêmeos serão poupados. “Não vou contar para os mais novos o que aconteceu, vou esperar eles crescerem”.

Sem condições de arcar com as despesas do sepultamento, a mulher revela que vai pedir ajuda para os familiares de Celso que não moram em Mato Grosso do Sul. “Vou ter que ir no Imol [Instituto de Medicina e Odontologia Legal] liberar o corpo, mas nem eu e nem meus pais temos dinheiro para arcar com o funeral, vou ter que pedir ajuda aos familiares dele”, finalizou.

Equipamentos que Celso usava em seu trabalho como marceneiro ao lado de uma bíblia, na estante da casa da viúva. (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipamentos que Celso usava em seu trabalho como marceneiro ao lado de uma bíblia, na estante da casa da viúva. (Foto: Henrique Kawaminami)

Pedido de socorro – Celso foi morto depois de esfaquear na cabeça um idoso de 62 anos, durante noite de bebedeira. Após ser atingido, a vítima saiu correndo só de cueca, na Rua Jacob Bucker, e pediu socorro a um vizinho.

O vizinho da casa ao lado foi quem ajudou primeiro o idoso. Ele estava jogando videogame por volta da 1h, quando a vítima apareceu no portão de sua casa só de cueca e com a cabeça ensanguentada, pedindo socorro.

“No começo, achei que ele só estava bêbado, mas quando vi o sangue saí para ajudar”, explicou o morador que não quis se identificar.

De acordo com o vizinho, depois de atacar o idoso, Celso ficou dentro da casa da vítima. Os moradores perceberam que o suspeito ainda estava no local e pediram para ele sair.

“Queriam que ele saísse para linchá-lo. Seria até bom se ele estivesse saído porque teria apanhado, mas talvez estaria vivo”, disse o vizinho.

Conforme apurado, Celso morava no bairro há pouco mais de 2 meses. “Ele causava bastante problema na região”, afirmou o morador completando que o idoso esfaqueado vive no local há muitos anos e “é conhecido e querido por todos, por isso os vizinhos queriam defender ele”.

A testemunha informou que quando a Polícia Militar chegou, ele ouviu dois tiros. “Como o cara estava dentro da residência, não vi ele atacar os policiais, mas acredita que é verdade que ele atacou, porque ele aparentava estar bêbado e drogado”.

Na sequência, a equipe colocou Celso na viatura e o encaminhou para uma unidade de saúde. “Ele não morre na casa”, declarou.

O idoso foi encaminhado para a Santa Casa, nesta manhã, a reportagem entrou em contato com o hospital para saber o estado de saúde da vítima e a assessoria de imprensa informou que por volta das 8h28 de hoje o paciente evadiu-se da instituição.

Camiseta com marcas de sangue que idoso usava quando foi esfaqueado por Celso Aurelindo de Oliveira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Camiseta com marcas de sangue que idoso usava quando foi esfaqueado por Celso Aurelindo de Oliveira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Confronto - De acordo com o boletim de ocorrência, antes do confronto, a vítima, sua esposa e Celso estavam bebendo na casa onde os fatos ocorreram, momento em que o idoso foi esfaqueado na cabeça pelo homem. A motivação não foi esclarecida.

O idoso foi até a casa de uma vizinha pedir socorro e o suspeito foi atrás. Quando Celso viu que a vítima já estava cercada de pessoas, retornou para casa onde eles estavam.

De acordo com o delegado plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol, Willian Rodrigues de Oliveira Junior, a Polícia Militar foi acionada e ao chegar no local, a equipe encontrou Celso no quarto da residência.

A equipe foi surpreendida pelo suspeito que estava com um punhal artesanal na mão. Neste momento, ele tentou atacar os policiais que, para se defenderem, dispararam duas vezes contra ele.

Celso foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O idoso também foi encaminhado ao hospital com sangramento na cabeça, devido aos cortes causados pelas facadas. Ele estava consciente, orientado e não corre risco de morte.

A Polícia Civil e perícia estiveram no local e foram apreendidos o punhal utilizado pelo suspeito e a arma do policial que atirou.

O punhal não tinha marcas de sangue, demonstrando não ser o objeto utilizado por Celso para esfaquear a vítima.

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