Com caixa de R$ 390 mi, UFMS dá largada à eleição que pode ter candidatura única
Com orçamento anual de R$ 393 milhões, unidades em 11 cidades e um universo de 15 mil votantes, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) pode ter uma única candidatura na eleição para a escolha de reitor.
O processo de consulta à comunidade acadêmica será no dia 19 de junho, mas, por enquanto, somente o nome da atual reitora Célia Maria da Silva Oliveira é dado como certo. As inscrições das chapas foram abertas hoje e terminam na próxima sexta-feira.
“A nossa preocupação é que não vai ter nenhuma chapa de oposição à reitora. Os professores são muito oprimidos, não vai querer dizer que é oposição”, avalia a coordenadora do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Marina Duarte.
Citada como provável candidata, a diretora da Fadir (Faculdade de Direto), Lidia Maria Ribas, diz que não vai concorrer. “Estávamos fazendo um movimento, mas não pensei em inscrever chapa”, afirma. Ela também refuta a hipótese de ter apoio do governador André Puccinelli (PMDB), cujo filho é professor na Fadir.
No último processo, realizado em 2008, os números também se destacaram. Foram realizadas nada menos do que três eleições e a reitoria foi ocupada por uma multidão de alunos durante protesto. Para 2012, permanece o voto proporcional, que dá mais peso para o voto dos professores do que alunos e técnicos, contudo, a promessa é de mais transparência.
“A idéia central é transparência, regras claras”, afirma o presidente do Colégio Eleitoral, Paulo Ricardo da Silva Rosa. De acordo com ele, com a aprovação de um novo estatuto, foi feita a separação entre gestão do processo de eleição e os candidatos.
Na última eleição, o então reitor Manoel Catarino Peró também presidia o Colégio Eleitoral. Ainda conforme o presidente, na tríade do processo eleitoral – formada por Colégio Eleitoral, Conselho de Ética e Comissão Executiva Central – não há membros que possam ser exonerados pelo reitor.
À distância - Uma novidade será o voto dos 1.050 alunos da EAD (Educação à Distância). “É um aluno da UFMS como os outros, mas, por uma questão de logística, ainda não tinha sido definido como fazer essa participação”, explica Paulo Rosa.
Os estudantes da EAD vão receber a cédula e o envelope para encaminhar o voto pelos Correios, sem custo. A eleição será realizada das 8h às 21h do dia 19 de junho.
O resultado deve sair no dia seguinte, contudo, a homologação da lista tríplice, que reúne os três nomes mais votados, será no dia 27 de junho. O documento é remetido ao MEC (Ministério da Educação), que nomeia o reitor.
Propaganda – No processo de eleição da UFMS será permitida a distribuição de panfletos, divulgação em faixas e entrevistas.
Contudo, foi vetada a divulgação de publicidade paga nos meios de comunicação. Conforme o cronograma, no dia 3 de maio serão homologadas as chapas concorrentes.
Estão agendados debates em Ponta Porã, Corumbá, Três Lagoas, Paranaíba, Campo Grande e Coxim. Historicamente, o processo mais concorrido foi em 1988, quando foram inscritas seis chapas.
Eleição? – Pelo campus da universidade em Campo Grande, impera a falta de informação sobre o processo de consulta à comunidade acadêmica. “Obrigada, fiquei sabendo agora”, afirma a estudante Karen Carla de Brito Pereira, de 20 anos, à reportagem. E completa: “O nosso voto vale menos mesmo”.
Na UFMS, o voto do corpo docente vale 70%, enquanto dos alunos e técnicos tem peso de 15% cada. Enquanto os canteiros de obras se espalham, a estudante cobra um bloco para o curso de Farmácia, um dos mais antigos da instituição.
No segundo ano do curso de Engenharia Civil, Júlia Cristina Souza Rodrigues da Cunha, de 22 anos, também desconhecia a proximidade da eleição. Ela é da primeira turma do vespertino-noturno, aberta com a ampliação de recursos.
Há um ano, depois de que uma acadêmica foi estuprada na universidade, a segurança também ganhou mais atenção, com cercamento do campus e a presença de guardas na ponte, perto da qual a jovem foi atacada. Segundo os alunos, falta melhorar a iluminação.
Comer, comer - Por volta das 11h, a fila era gigante no RU (Restaurante Universitário), que foi reaberto em dezembro de 2011, vésperas do ano eleitoral. De acordo com o gerente da Caman Eventos e Buffet, José Luiz Matos Pessoa, são servidas 1.200 refeições por dia.
O valor integral é de R$ 6,27 por um cardápio com salada, arroz, feijão, carne, suco, fruta, além de opção para quem é vegetariano. Os alunos com bolsa total não pagam pela refeição, enquanto os que têm bolsa parcial pagam R$ 2,50.