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Cidades

Em ano atípico, horário de verão adiciona nervosismo antes de Enem

Alunos que aguardam principal exame do país ganharam mais um motivo de preocupação

Izabela Sanchez | 21/10/2018 10:22
Alunos do Colégio Referencial discutem estratégias para lidar com a mudança de horário no dia da prova (Izabela Sanchez)
Alunos do Colégio Referencial discutem estratégias para lidar com a mudança de horário no dia da prova (Izabela Sanchez)

Copa do mundo e eleições – com um clima belicoso – fizeram de 2018 um ano atípico. Divididos entre dar atenção aos acontecimentos e se prepararem para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os alunos estão, agora, ainda mais nervosos. Isso porque o horário de verão, que deve adiantar uma hora no relógio dos brasileiros, começa no primeiro dia do Exame, 4 de novembro.

Para os estudantes, a escolha do governo federal foi descuidada e não levou em conta a rotina dos milhões de alunos no país. Com apenas 17 anos, Lorena Ferreira aguarda uma vaga em universidade pública para o curso de agronomia e revela preocupação.

“No início do ano as expectativas estavam melhores, mas agora que está chegando está batendo o desespero. O nervosismo a gente tem que dar uma escondida em continuar estudando. A minha sala, qualquer coisa que surge, a aula já para conversar sobre política. Fiquei com bastante medo [mudança de horário], mas minha professora está dando bastante puxão de orelha na gente, para gente estar bem atento”, conta.

Para ficar atenta, Lorena afirma que vai acordar mais cedo. “Vou acordar um pouco mais cedo e mudar horário antes, durante a noite, e ficar bem atenta”.

À esquerda, Henrique quer mudar a rotina com uma semana de antecedência (Izabela Sanchez)
À esquerda, Henrique quer mudar a rotina com uma semana de antecedência (Izabela Sanchez)

Kymberlhy Ribeiro, 22, já encara o cursinho no preparo para ingressar no curso de medicina. Ela nota que o ano tem elementos diferentes do que os precedentes. O discurso de ódio, conta, está presente como nunca e a estudante aposta nos exercícios para diminuir a ansiedade. O horário de verão veio como adicional de preocupação: vinda de Goiás, a diferença de horário em Mato Grosso do Sul já confunde um pouco a cabeça.

“Não tenho visto muito diálogo, tenho visto mais ataque”, comenta. “Eu mudei pra cá e pra mim já é uma novidade o Enem começar uma hora mais cedo. Me preocupo porque nunca tive isso. Mudar no dia Enem, eu acredito que deve aumentar o índice de pessoas que vão perder a prova. Eu acho que foi uma decisão ruim. Eu me sinto desassistida por essa questão, não pensaram nos alunos, esqueceram da gente”, opina.

Para os estudantes, é necessário mudar a rotina, ao menos, uma semana antes. Acostumar o organismo, contam, é o principal desafio, já que nem fome e nem sono podem surgir na hora da prova.

Quem também veio de outro Estado, de São Paulo, e acha que o horário de verão vai confundir ainda mais é a estudante de cursinho Amanda Vitória, 24. “Eu estou tentando manter a calma e fazer exercícios mentais para não desviar a atenção e não ficar tão nervosa, que a gente já fica”.

“Complica [horário de verão], porque já é uma hora de diferença [com relação a São Paulo]. Eu vou ligar pra minha mãe, pro meu pai, pra perguntar que horas são, vou ficar ligando tv, rádio, vou acordar mais cedo. Eu vou tentar fazer um exercício mental antes pra saber que o horário está certo e eu não vou perder a hora e fazer todos os meios possíveis para sair de casa no horário ok”, revela. “Eu acho que o horário de verão deveria ter acontecido antes”.

Alunos aguardam principal exame do país (Izabela Sanchez)
Alunos aguardam principal exame do país (Izabela Sanchez)

Henrique Tanaka, 18, também estuda no cursinho e explica que a dica é regular os horários dias antes da mudança. Para ele o ano é completamente atípico, e o horário de verão é um elemento a mais. O segundo ano de cursinho, ainda assim, deixa o estudante mais tranquilo pela experiência com a prova.

“Isso [situação política] querendo ou não pesa um pouco mais, essa questão de feriados deixa também bem desacostumado. Eu fazia cursinho junto com o ensino médio, esse ano tive mais maturidade pra separar meu horário de estudo e lazer”, afirma.

Mas o que não tem remédio, remediado está. Para os alunos, agora, só resta se preparar e torcer para não perder a hora.

“A questão do horário não é tanto acordar, mas sim do organismo se adaptar. O horário que a gente vai começar a fazer a prova é o horário que a gente vai estar almoçando. Acho que o governo deveria ter se programado antes. Mas agora que já está tudo feito vamos deixar assim, o negócio agora é se programar uma semana antes, começar a almoçar mais cedo”, destaca Henrique.

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