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Cidades

Gabaritos com 100% de acerto geram suspeita de fraude em concurso

Secretário da Prefeitura de Aparecido do Taboado é um dos que gabaritou prova; para investigadores, outros servidores e pessoas ligadas a eles também foram beneficiadas em esquema

Anahi Zurutuza | 04/07/2018 11:50
Sede da Prefeitura de Aparecida do Taboado (Foto: Prefeitura de Aparecida do Taboado/Divulgação)
Sede da Prefeitura de Aparecida do Taboado (Foto: Prefeitura de Aparecida do Taboado/Divulgação)

Servidores, um ex-funcionário e um parente de um empregado são suspeitos de integrarem de esquema de fraude em concurso da Prefeitura de Aparecida do Taboado, investigado pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado, na Operação Back Door.

A força-tarefa, que nesta terça-feira (4) vasculhou 10 endereços em Campo Grande e na cidade do interior, é resultado de investigação que começou após denúncia anônima enviada ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

A suspeita de fraude recai sobre concurso que teve provas aplicadas no dia 24 de junho, com 60 vagas para os cargos de administrador, analista de controle interno, contabilista, dentista, enfermeiro, médico, engenheiro civil, fiscal tributário, odontólogo, procurador jurídico, recepcionista, técnico de enfermagem, topógrafo, agente administrativo, gari, margarida, motorista, operador de máquinas, telefonista e tratorista. Os salários variam de R$ 1.198,06 a R$ 5.352,79.

Após a análise dos cartões-resposta, os investigadores da “tropa de elite” do MPMS confirmaram que os servidores e pessoas ligadas a eles tiveram sucesso na prova, o que causou estranheza.
Mais suspeito ainda, conforme o Gaeco, foi a constatação de que duas dessas pessoas, inscritas para o cargo de analista de controle, gabaritaram a prova, um deles o secretário municipal de Administração, Kaiser Carlos Correa. O salário oferecido para o cargo é o maior.

“Um ex-servidor e o filho de um servidor público, inscritos para o cargo de Engenheiro Civil (salário de R$ 4.115,97), tiveram, respectivamente, 39 e 38 questões de acerto, do total de 40 questões”, também aponta o Gaeco como evidência de fraude.

Sede da empresa organizadora do concurso, a Idagem, em Campo Grande (Foto: Saul Schramm)
Sede da empresa organizadora do concurso, a Idagem, em Campo Grande (Foto: Saul Schramm)

Licitação – O Gaeco também encontrou irregularidades no processo licitatório para a contratação da empresa organizadora do concurso. “O secretário municipal [Kaiser Corre] que indicou a comissão de concurso e as empresas para participarem da licitação também participou do concurso público e obteve acerto de 100% da prova”, constatou a investigação, completando que outro integrante da comissão também entrou na disputa por vagas.

Foi com base em todas as evidências levantadas que o Gaeco conseguiu os 10 mandados judiciais de busca e apreensão, além de levar preso o secretário.

As investigações para provar os crimes de fraude em certame de interesse público, fraude à licitação e associação criminosa, além de improbidade administrativa ainda correm em sigilo.

Back Door - O nome da operação “refere-se à ‘porta de trás’, utilizando uma tradução literal”, segundo a chefe do Gaeco, promotora Cristiane Mourão. “É uma referência às pessoas que querem ingressar no serviço fraudando o concurso público, ou seja, querem ingressar ‘pela porta dos fundos’”, completou.

 

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