Governo diz que fez sacrifício por 2,94% e é o reajuste que cabe no bolso
"Para entrar em greve, tem que ter certeza de que o governo tem margem para negociar. E não tem mais", diz Assis.
O governo do Estado sustenta que a proposta de 2,94% de reajuste de índice geral é o que cabe nas finanças, afetada por sequência de três de anos de recessão, e que não fará politicagem, mesmo com a ameaça de greve dos funcionários, com proposta maior do que pode pagar.
“Fomos buscar com todo sacrifício um índice que cabe no bolso do governo, porque não adianta prometer e não pagar. Hoje, na economia do Pais, você tem que administrar o dia a dia. Você administra o Estado cortando gastos, não é mais com receita como antigamente", explica o secretário de Administração e Desburocratização, Carlos Alberto de Assis, em entrevista exclusiva ao Campo Grande News.
O governo, segundo Assis, entende que os servidores merecem reajuste. "E estamos, dentro de um sacrifício imenso, programando para setembro o índice geral de 2,94%”. Para Assis, agora é o momento de o servidor decidir se aceita o que o governo pode pagar e receber em dia. “Ou a gente fazer politicagem, atender o que os sindicalistas querem e não pagar. Esse é o grande problema”, afirma.
Segundo ele, o governo abriu as portas e convidou que cada sindicato indique um representante para acompanhar a receita e a despesa diariamente. De acordo com o secretário, Mato Grosso do Sul faz parte da lista dos quatro Estados que sinalizaram com aumento linear para o funcionalismo público. Sendo os demais Ceará (2% em janeiro), Alagoas (3,15% em junho) e Mato Grosso (2% em novembro).
O reajuste de 2,94% para os 73 mil servidores ativos e inativos tem impacto de R$ 12 milhões na folha, cujo valor bruto é de R$ 460 milhões. Os servidores que ameaçam greve a partir do dia 25 de julho pedem aumento de 7,45%.
Promoções – Traçando uma linha do tempo de 2015, primeiro ano de mandato do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), até julho deste ano, o titular da SAD afirma que foram cumpridos os compromissos com o servidores, mesmos os herdados da gestão André Puccinelli (PMDB).
No retrospecto, Carlos Alberto Assis lembra que na transição de dezembro de 2014 para janeiro de 2015 a folha teve aumento de R$ 26 milhões, com reajuste médio de 7,9%. Em seguida, em maio de 2015, o reajuste foi para carreiras de procurador, auditor e TAF (Tributação, Arrecadação e Fiscalização). No ano passado, todas as categorias receberam abono de R$ 200, com impacto de R$ 9,5 milhões na folha mensal.
Em outra frente, houve medidas para correção de distorções e melhoria na carreiras. Entre 2015 e 2017, foram 15 mil promoções e 12 mil progressões. Além da convocação de 4.687 aprovados em concursos. No comparativo de 2015 e 2016, o impacto na folha de pagamento foi R$ 1,4 bilhão.
“Em 2016, fizemos uma série de avanços nas carreiras. Foi o ano que trabalhamos as carreiras, as promoções, corrigimos as distorções, melhoramos as tabelas. Isso deu ganho em algumas categorias, que eles esqueceram”, afirma Assis.
Maiores – A maior categoria do funcionalismo estadual é de professores, com 27 mil servidores. Hoje, acontece às 17h uma nova rodada de reunião. O governo pede para repactuar o reajuste, escalonado até 2021. “Se pegar o acumulado de 2015 até agora, já concedemos 41% de reajuste na tabela do professor”.
Conforme o governo, para os policiais militares e bombeiros, que totalizam 10.500 servidores, foram 4.611 promoções em 2016 e aumento médio de 13,13% no início da carreira. “Quando é promovido, tem um ganho médio de 3% no salário”.
Para a Polícia Civil, que tem 3.200 servidores, o governo promete encerrar 2018 com o sexto melhor salário no Brasil. “O Sinpol, que diz que não teve ganhos em 2016, teve melhoria de 11,45% no seu salário, fora 1.801 promoções”, afirma.
Sobre os agentes penitenciários, com 1.600 servidores, o secretário informa correção na tabela de 5,9% e abono, com ganho de salário de 11,68% no início da carreira e 8,43% no final da careira.
Greve e parcelas - "Greve é um direito do servidor. Só tem que pensar muito bem. Para paralisar, tem que ter certeza de que o governo tem margem para negociar. E essa margem não existe", explica o titular da SAD.
Conforme Assis, o pagamento da folha em dia é prioridade do governo, mas lembra que o Estado vive problemas de ordem econômica. “Isso não é falácia, é um fato. Todo dinheiro que tiver é para pagar salário, mas não descarto, futuramente, ter que parcelar”, alerta o secretário.