Índios ateam fogo em casa da fazenda Cambará em mais um dia tenso
Os cerca de 300 índios terena que invadiram a fazenda Cambará, vizinha a Buriti, em Sidrolândia, a 71 quilômetros de Campo Grande, na tarde desse domingo, já incendiaram uma das casas, destelharam a maior e prometem não sair da área. “A fala do nosso povo é de que não vamos sair daqui”, afirma o cacique da aldeia Lagoinha, Basílio Jorge.
De acordo com a liderança indígena, os índios da aldeia dele e da Água Azul tentam entrar na propriedade desde 8 de maio, data em que ficaram apenas na porteira. No dia 14, eles ‘se mudaram’ para uma aérea a apenas 800 metros da sede e, nesse domingo, invadiram. No momento havia três funcionários no local.
O cacique fala que não houve violência, mas teve discussão, que a invasão é por mais terra para os “guerreiros” e também por conta da morte de Oziel Gabriel, 35 anos, durante conflito na Buriti, no dia 30.
“Nós precisamos de espaço”, fala Basílio, explicando que na aldeia Lagoinha vivem 378 índios em 2,9 hectares. A fazenda Cambará tem 1,3 mil hectares. Na região há 33 propriedades rurais invadidas.
O cacique lembra ainda que a morte de Oziel “contribuiu para a permanência” deles na fazenda. “A gente tá aqui pelo nosso guerreiro terena. Temos que fazer valer a morte dele”, No entanto, ele diz que a situação deles depende de decisão a ser tomada por ele e mais 10 índios que representam toda a aldeia.
Nesta segunda-feira, dois caminhões foram retirar o gado da fazenda. Indígenas ajudam a colocar os animais nos veículos.
Conflito- Vizinha à Cambará, a fazenda Buriti foi invadida no dia 14 de maio. No dia 30, após decisão de reintegração de posse, houve conflito entre policiais e índios. Oziel Gabriel morreu. Ficaram feridos cinco indígenas e oito policiais.
Os índios não saíram de lá. Nesse domingo, nova decisão da Justiça Federal determina a saída deles em 48 horas. Nesta segunda-feira, Oziel foi enterrado e houve confusão com a imprensa após o sepultamento.