“Madrinha” entregou parceiro do tráfico para não morrer em tribunal do crime"
Sete pessoas já foram presa e um adolescente apreendido por participação na morte de José Carlos, encontrado em novembro do ano passado na cachoeira do Céuzinho
Apontada como uma das principais responsáveis pela execução de José Carlos Figueiredo, de 41 anos, encontrado decapitado na cachoeira do Céuzinho no dia 28 de novembro do ano passado, Cleia Ricarda Aveiro teria "entregado" a rotina da vítima para não ser morta no “Tribunal do Crime”.
De acordo com o delegado Márcio Obara, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Homicídio), a mulher, conhecida como “Paraguai” ou "Madrinha", foi localizada após uma ação conjunta entre investigadores da Polícia Civil de Itaquiraí e da Delegacia Regional de Naviraí.
Com mandado de prisão preventiva em aberto por conta do crime, a suspeita foi detida em Itaquiraí - a 410 quilômetros da Capital - na noite desta quinta-feira (25) e trazida para Campo Grande nesta manhã. Conforme o delegado, “Paraguaia” era “sócia” de José Carlos e do filho de 16 anos em uma boca de fumo.
“Assim que o PCC (Primeiro Comando da Capital) descobriu que José Carlos estava negociando drogas com o Comando Vermelho, “Paraguaia” também passou a ser julgada pela facção, a condição para ser absolvida era ajudar na execução do parceiro”, detalhou.
Todos os depoimentos colhidos pela polícia, apontaram a mulher como a responsável por “entregar” a rotina de José Carlos e do filho a facção. A casa em que funcionava a boca de fumo de Cleia, foi usada como primeiro cativeiro das vítimas. “Em depoimento ela confirmou todas as acusações”, reforçou Obara.
Dívida por tráfico - Segundo o delegado, além do envolvimento com o Comando Vermelho, a morte de José Carlos foi encomendada após um adolescente, conhecido como “Tio Patinhas”, ser ameaçado por ele. Uma dívida por droga que teria iniciado o desentendimento entre os dois.
Filho de um interno do sistema prisional de Mato Grosso do Sul, onde cumpre pena de 15 anos por latrocínio, o adolescente resolveu pedir ajuda do pai “para se livrar das ameaças”. A mãe do adolescente também resolveu interferir na situação e pediu ajuda ao PCC. Foi a partir daí que a facção se envolveu no caso.
José Carlos e o filho, também de 16 anos, foram sequestrados no dia 18 de novembro, no Jardim São Conrado e passaram cerca de cinco dias em cativeiro. Pelo menos quatro casas - nos bairros São Conrado, Moreninhas, Noroeste e Taveirópolis - foram usadas pelos bandidos durante o julgamento do Tribunal do Crime. O menino foi liberado pelo PCC, mas o pai foi condenado e executado.
Forçado pela lei “Vida se paga com Vida, “Tio Patinhas” foi forçado pela facção a decapitar a vítima ainda viva. Foi o adolescente que começou a execução, mas não conseguiu concluir o crime. Conforme as investigações, Pamella Almeida Ribeiro, conhecida como Emonoma e apontado como a responsável por coordenar todo o crime, quem “terminou o serviço”.
O corpo e a cabeça da vítima foram levados a região do Céuzinho e foram jogadas pelos suspeitos em cachoeiras diferentes. O corpo foi encontrado 10 dias depois do sequestro, no dia 28 de novembro, mas a cabeça nunca foi localizada.
Prisões - A mulher é uma das 12 pessoas identificadas pela DEH como responsável pelo sequestro, cárcere privado e execução de José Carlos.
Além de Cleia e Pamella, apontadas pela polícia como as principais responsáveis pelo crime, foram presos: Luan Loubet Barros, de 20 anos, Davyd Samuel Boaventura Salvador, o “Neguinho Davyd” de 18 anos, Denilson Bernardo de Arruda, de 44, Nicolas Kilven Soares Montalvão, o Gordinho de 19 anos e Valéria Benites Monteiro, de 41 anos. “Tio Patinhas” também foi apreendido.