Agentes buscam documentos de licitações antigas em secretaria
Policiais federais estão vasculhando o almoxarifado da secretaria de Educação de Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande, em cumprimento a um dos mandados de busca e apreensão da segunda fase da operação Toque de Midas, desencadeada hoje. Estão sendo procurados documentos antigos de licitações com indícios de irregularidades.
A ação está sendo realizada em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União). Segundo o órgão, há suspeita de superfaturamento de 367% na compra de livros.
O atual prefeito de Paranhos, Dirceu Bettoni (PSDB), afirma que as fraudes foram cometidas na gestão do antecessor Julio Cesar de Souza (PDT) e a chegada dos policiais no órgão público durante a manhã não surpreende porque “as coisas desandaram um pouco em Paranhos na gestão passada”.
Ele não soube dizer se outros órgãos públicos seriam vistoriados. Segundo a CGU, serão cumpridos ao todo quatro mandados de busca em repartições e estabelecimentos comerciais, sendo três no município do interior e um em Campo Grande, onde uma equipe de agentes está na Planeta ABC Soluções para Educação, localizada na Rua Antônio Maria Coelho.
O Campo Grande News tentou contato com o ex-prefeito Julio Cesar, mas ele não atendeu às ligações.
Toque de Midas - Realizada no mês passado, a primeira etapa da operação apontou prejuízo de R$ 400 mil aos cofres das prefeitura de Paranhos com fraudes na merenda escolar. O nome Toque de Midas faz referência à expressão da mitologia grega, ao simbolizar que o enriquecimento fácil pode se voltar contra o beneficiado.
A CGU constatou irregularidades em dois pregões, realizados em 2015, para aquisição de kits escolares e livros paradidáticos para a rede municipal de ensino de Paranhos, a 469 km da Capital. Dentre as fraudes, estão a manipulação das cotações de preços (com objetivo de elevar o valor de referência da licitação), superfaturamento e sobrepreço.
Em apenas um dos itens dos pregões, a investigação apurou superfaturamento superior a 367% na compra de 1,4 mil livros sobre educação ambiental. Considerando os cerca de R$ 84 mil pagos indevidamente, o valor seria suficiente para adquirir mais de 5,2 mil exemplares ao preço normalmente praticado pelo mercado. Participam da operação dois auditores da CGU e cerca de 30 policiais federais.