Brasil dá sinal verde para extradição de pistoleiro da fronteira
Preso em maio no Mato Grosso, Wilson Acosta Marques tem documento emitido por cartório de MS
Preso no dia 29 de maio deste ano Mato Grosso, Wilson Acosta Marques, 48, acusado de ser um dos pistoleiros que mataram o jornalista paraguaio Pablo Medina e a estagiária Antonia Almada, em outubro de 2014, na fronteira com Mato Grosso do Sul, deve ser extraditado para o Paraguai. A possibilidade de extradição foi comunicada nesta semana pela Interpol (Polícia Internacional) ao Ministério Público paraguaio.
Quando foi localizado por policiais civis na zona rural do município de Chapada dos Guimarães, o pistoleiro apresentou identidade em nome de Wilson Marques González, emitida pelo cartório de Caarapó (MS).
A Constituição Federal impede extradição de brasileiro. Entretanto, a polícia suspeita de falsificação do documento. O próprio Wilson Acosta afirmou que o documento era de um parente morto, comprado por R$ 600.
O ofício enviado pela Interpol em Brasília pegou o governo paraguaio de surpresa. O país vizinho achava quase impossível o Brasil autorizar a extradição, já que a identidade apresentada por Wilson é aparentemente legal e vigente.
Em 2015, após batalha judicial no STF (Supremo Tribunal Federal), o Brasil autorizou a extradição de Vilmar Acosta Marques, o Neneco, irmão de Wilson e apontado como mandante da execução de Pablo Medina.
Quando foi preso, na região de Caarapó, Neneco também apresentou documento de nacionalidade brasileira, emitido por cartório de Aral Moreira (MS). Só que no caso dele o documento foi considerado falso pela Justiça e a extradição consumada.
Após receber sinal verde do Brasil para a extradição de Wilson Acosta, o promotor de Justiça Vicente Rodriguez mandou o documento à juíza Maria Izabel Arévalos solicitando apresentação do pedido à Corte máxima da Justiça do país vizinho.
Rodriguez afirma ter muita esperança na extradição do pistoleiro para ser julgado como um dos executores do jornalista e da estagiária. O irmão dele, Neneco, cumpre pena de quase 40 anos de reclusão.
Uma vez extraditado, o Ministério Público pretende retomar investigações sobre outras execuções em que o Clã Acosta aparece como responsável. Um dos casos é o assassinato do político paraguaio Julian Núñez Benítez, ocorrido em agosto de 2014.
Wilson Acosta Marques e o filho, Gustavo Acosta Gadea, foram acusados de executar Julian a tiros de pistola 9 milímetros e escopeta calibre 12 porque o político do Partido Colorado pretendia disputar a eleição da Prefeitura de Ypejhú, cidade vizinha de Paranhos (MS). O prefeito na época e candidato à reeleição era Neneco. Ele foi cassado logo após os crimes.