Câmara discute denúncia contra vereador acusado de “rachadinha”
Carlos Segatto, o “Tucura”, foi denunciado pela ex-assessora; ele se diz vítima de armação política
A Câmara Municipal de Rio Brilhante (a 161 km de Campo Grande) faz sessão extraordinária na noite desta segunda-feira (13) para decidir sobre denúncia apresentada contra o vereador Carlos Roberto Segatto (PTB), o “Tucura”, acusado de adotar prática de “rachadinha” no salário de assessores.
A denúncia foi protocolada no dia 7 deste mês pela ex-assessora dele, Sandra Eliane Espindola Mendonça, e pede a cassação do mandato do petebista por quebra de decoro parlamentar.
Sandra apresentou prints de conversas e gravações em que o vereador a teria pressionado para dividir o salário que recebia da Câmara com o publicitário Helysom Rodrigues. O caso ocorreu no ano passado. Na época, Sandra era nomeada no gabinete de “Tucura” e Helysom prestava serviço informalmente ao vereador. Atualmente, ele está nomeado na Câmara.
Nesta segunda-feira, a Câmara convocou o primeiro suplente do PTB, Elenir Escobar do Nascimento, para participar da sessão de análise da denúncia. Por lei, o denunciado não pode participar da votação. A sessão começa às 19h.
A denúncia – Segundo a ex-assessora, a proposta de rachadinha foi feita quando o vereador acertava a contratação dos serviços de Helysom Rodrigues para cuidar de suas redes sociais e para acompanhá-lo em algumas visitas. O pagamento seria feito com parte do salário de Sandra, então nomeada no gabinete.
“É aquilo que conversei com você, eu te falei, isso [rachadinha] não pode, é peculato. Você disse que o Juarez falou que pode, você vai confiar no Juarez?”, questiona Sandra a Tucura Segatto. “Quem vai pagar é você, não é o Juarez, não é ninguém”, responde o vereador.
“Não estou falando que não vou pagar, tô falando que é peculato, é peculato. Eu quero recibo”, afirmou ela. O vereador responde: “o dinheiro é seu, você ta pagando um cara para fazer o seu serviço”.
Sandra insistiu dizendo que só aceitaria usar parte do salário para pagar o publicitário se ele fornecesse um recibo. Durante a conversa, o vereador ligou para outra pessoa para perguntar se o esquema seria ilegal. Após o fim do diálogo, todos concordam que seria melhor “deixar quieto”.
Tucura Segatto nega ter proposto “rachadinha” do salário da ex-assessora e acusou Sandra de ter gravado a conversa e vazado os áudios por armação política. Ele registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil contra a ex-assessora por calúnia e difamação.
“Não vamos recuar, queremos muito que o MP apure todos os fatos porque temos certeza da nossa inocência”, disse ele ao Campo Grande News no dia 3 deste mês. Segundo o vereador petebista, logo após vazar as gravações, Sandra foi nomeada em cargo na prefeitura. Tucura é oposição ao prefeito Lucas Foroni (MDB).
De acordo com o presidente da Câmara Paulo César Alves (MDB), para a denúncia ser aceita na sessão de hoje, é necessária maioria simples dos votos dos 13 vereadores.
Neste caso, serão sorteados imediatamente os nomes de três vereadores para formar a comissão, que terá 90 dias para apresentar relatório sobre as denúncias. O denunciado continuaria exercendo o mandato normalmente.
Ao final do prazo, o relatório será submetido a plenário. Para a cassação, seriam necessários 9 votos (maioria absoluta) a favor da perda de mandato. “A Mesa Diretora tomou as providências previstas na lei”, afirmou Paulo César Alves.