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Interior

Cheia anormal no Rio Paraguai força retirada urgente de gado, diz sindicato

Previsão de grande enchente leva produtores a remover animais de áreas alagadas na região do Paiaguás, no Pantanal de Corumbá

Humberto Marques | 21/02/2018 06:52
Região do Passo do Lontra, sob influência dos rios Aquidauana e Miranda, já registra alagamentos. (Foto: Silvio Andrade/Segov)
Região do Passo do Lontra, sob influência dos rios Aquidauana e Miranda, já registra alagamentos. (Foto: Silvio Andrade/Segov)

O Sindicato Rural de Corumbá –a 419 km de Campo Grande– emitiu alerta aos produtores rurais da planície pantaneira para que iniciem imediatamente a retirada do gado das áreas alagáveis para os campos mais altos, diante da previsão de uma grande enchente este ano no Pantanal, baseada nos níveis atuais do rio Paraguai e a continuidade das fortes chuvas na região.

“O Pantanal está cheio, não é ainda uma enchente de grandes proporções, mas vai continuar enchendo porque as águas de Cáceres [no Alto Pantanal, em Mato Grosso] ainda não chegaram”, informou à assessoria do governo estadual o presidente do sindicato, Luciano Aguilar Leite, que se reuniu esta semana com pesquisadores da Embrapa Pantanal, em Corumbá, para avaliar a situação.

Os pantanais do Paiaguás e da Nhecolândia, mais ao norte, já estão debaixo de água, segundo moradores da região. Bruno Viégas de Barros, da fazenda Boi Branco, relatou que a região está sendo afetada pelos repiques do rio Taquari. Uma chuva de 120 milímetros na semana passada em Coxim deve ampliar a área de inundação, com reflexos também no rio Paraguai.

A enchente nas áreas ao sul do Pantanal (no Nabileque e no Jacadigo) neste período do ano é um indicativo de que a cheia será mais intensa com a chegada das águas de Cáceres, entre abril e junho.

No Paiaguás e na Nhecolândia, ao norte, chuvas já cobriram boa parte da planície pantaneira. (Foto: Bruno Viégas de Barros)
No Paiaguás e na Nhecolândia, ao norte, chuvas já cobriram boa parte da planície pantaneira. (Foto: Bruno Viégas de Barros)

“O produtor deve retirar o gado agora, pois continua chovendo e o Jacadigo ainda receberá água do Tucavaca [rio da Bolívia] nesta mesma época”, observou Luciano Leite.

Ecoturismo – Na sub-região da Nhecolândia sob influência dos rios Aquidauana, Miranda e Abobral, onde está a Estrada Parque (MS-184), em Corumbá, os campos estão submersos, com forte vazão em direção ao rio Paraguai. A cheia, no entanto, não afetou o ecoturismo, já que o acesso na via está normal até o trevo com a MS-228.

“Estamos operando sem problemas na Estrada Parque, mas o ritmo das águas alterna conforme as precipitações mais localizadas nas cabeceiras dos afluentes que cortam a nossa região”, relatou o empresário João Venturini. Nesta região, o governo do Estado realiza manutenção periódica dos acessos na MS-184 e MS-228.

A subida das águas esta semana no Miranda e Aquidauana, no entanto, deve alterar o cenário na região e ampliar o nível de inundação no Nabileque e Jacadigo. “O que diferencia a cheia deste ano das demais, e nos preocupa, é que as águas de Cáceres vão chegar com o Pantanal já cheio”, explicou o presidente do Sindicato Rural corumbaense.

Na previsão da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), do Ministério das Minas Energia, o rio Paraguai atingirá o nível de alerta de uma cheia pequena na régua de Ladário, ou seja, quatro metros, na primeira semana de março. Para a Embrapa Pantanal, é considerada uma cheia normal a cota de até 5,5 metros, e uma grande enchente, acima deste nível.

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