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Interior

Choque retira indígenas de fazenda invadida

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, os índios Guarani e Kaiowá foram despejados de forma violenta

Viviane Oliveira | 27/02/2022 09:11
Índio mostra ferimento causado por bala de borracha (Foto: reprodução/Cimi)
Índio mostra ferimento causado por bala de borracha (Foto: reprodução/Cimi)

Índios que ocuparam fazenda Inho, em Rio Brilhante, na madrugada de ontem (dia 26) em reação a plano de assentamento rural numa área em disputa, chamada de Laranjeira Nhanderu, foram retirados à força pelo Batalhão de Choque. Conforme apurado pelo reportagem, os policiais passaram a noite no local.

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informou que os índios Guarani e Kaiowá foram despejados de forma violenta. Segundo o Conselho, a ação policial deixou pelo menos três indígenas feridos com balas de borracha e foi realizada sem mandado judicial. "Após a truculenta ação policial, os indígenas recuaram até as áreas anteriormente ocupadas pela comunidade, na propriedade vizinha à fazenda Inho".

Em vídeo (assista abaixo) gravado pelos próprios indígenas no momento do despejo, é possível ouvir o som de bombas e escutar os policiais mandando os indígenas irem “dá cerca pra lá”, em meio a gritos de mulheres. “Nós somos humanos também, que nem vocês”, grita uma Guarani Kaiowá na gravação, antes de alertar seus familiares: “cuidado com a bomba!”.

O Batalhão de Choque disse que foi acionado para atender ocorrência de roubo e ameaça. Os índios haviam invadido a área, rendido o caseiro, roubado “algumas coisas da fazenda” e expulsado o caseiro da casa. Ainda conforme a polícia, foi utilizado o uso da força, porque os índios foram resistentes e não acataram a ordem de retirada. “Eles foram dispersados e a situação controlada”.

Segundo o Conselho, os índios invadiram a fazenda após receberem informação de que famílias sem-terra tomariam a mesma medida após a colheita da soja. A área Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluída no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF (Ministério Público Federal) e Funai em 2007. Desde 2011, os índios entraram em parte do território e aguardam a conclusão do processo de demarcação.

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