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Interior

Índios deflagram retomada em Rio Brilhante e Choque vai para área de disputa

"Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala"

Aline dos Santos e Helio de Freitas, de Dourados | 26/02/2022 17:14
Comunidade Laranjeira Nhanderu é formada por muitas crianças e idosos. (Foto: Cimi Regional MS)
Comunidade Laranjeira Nhanderu é formada por muitas crianças e idosos. (Foto: Cimi Regional MS)

Índios ocuparam fazenda Inho, em Rio Brilhante, na madrugada deste sábado (dia 26) em reação a plano de assentamento rural numa área em disputa, chamada de Laranjeira Nhanderu.

A situação, mais uma vez, é de tensão, com denúncia de ameaças. Na tarde deste sábado, indígenas bloquearam a BR-163. Vídeo encaminhado ao Campo Grande News mostra que efetivo do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) está em Rio Brilhante e vai dar apoio numa ação de reintegração de posse.

“As lideranças relatam que a situação, na manhã deste sábado, estava tensa e que os Guarani e Kaiowá estão sendo ameaçados pelos colonos e fazendeiros que se encontram no local. Os indígenas também relatam que decidiram iniciar o processo de retomada depois de receberem a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário”, informa o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

Segundo o conselho, o assentamento rural seria dentro de área reivindicada e em processo de identificação como terra de ocupação tradicional indígena. Na nota divulgada pelo Cimi, uma liderança indígena, que não foi identificada, detalha as ameaças.

“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”.

Os índios invadiram a fazenda após receberem informação de que famílias sem-terra tomariam a mesma medida após a colheita da soja.

O Conselho Indigenista Missionário informa que o proprietário da fazenda Inho responde à acusação de despejo aéreo de agrotóxicos sobre o acampamento.

A área Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluída no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF (Ministério Público Federal) e Funai em 2007. Desde 2011, os índios entraram em parte do território e aguardam a conclusão do processo de demarcação.

O Campo Grande News não conseguiu contato com o Batalhão de Choque na tarde deste sábado.

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