Casa de reza indígena é incendiada no município de Douradina
Em 2021, foram incendiadas cinco oga pysy (casas de reza) guarani-kaiowá
Casa de reza em uma aldeia indígena Guarani foi incendiada, na madrugada de ontem (29), em Douradina, a 192 quilômetros de Campo Grande. De acordo com boletim de ocorrência, o crime aconteceu por volta das 1h, enquanto três adolescentes dormiam no local. Entidade indígena diz que o acontecimento teve motivações de intolerância religiosa e que idosas também estavam no recinto. Não foram registradas vítimas.
Em relato à Polícia, um homem, de 45 anos, que estava na casa ao lado junto a familiares, disse que a esposa, de 39, ouviu pessoas conversando do lado de fora, sentiu cheiro forte de gasolina e ouviu som semelhante ao de um disparo de arma de fogo.
Em seguida, ela relata que o fogo começou a tomar conta da oca principal e consumiu toda a estrutura em poucos minutos. Posteriormente, a mulher disse ter visto duas pessoas saindo do local.
A Aty Guasu (Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani) publicou vídeo em que é possível verificar as chamas (assista no começo da matéria) e imagens que mostram como ficou a construção após o incêndio - severamente carbonizada.
A entidade indígena afirmou que o fato ocorreu em uma oga pysy, uma casa de reza tradicional Kaiowá, na aldeia Ita'y Kagurusu, e que crianças e idosas dormiam no interior do local, mas conseguiram escapar a tempo. “A oga pysy (casa de reza) é patrimônio coletivo da religião do povo Guarani-Kaiowá”.
Também foi solicitado investigação por parte da PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal) e informado que outros cinco casos semelhantes aconteceram neste ano. “A religião Guarani-Kaiowá está sofrendo ameaças frequentes de intolerância religiosa [...] os rezadores(as) Nhanderu e Nhandesy sofrem cerco de ameaça de morte por praticar religião do povo Guarani-Kaiowá”.
Em outubro, o Campo Grande News reportou caso semelhante.
“Em 2021, foram incendiadas cinco oga pysy (casas de reza) Guarani-Kaiowá. Mais uma vez, reforçamos a solicitação de investigação séria para punir os mandantes e autores dos crimes cometidos contra o patrimônio coletivo do povo Kaiowá”.
A reportagem solicitou posicionamento ao MPF, mas não foi respondida até o momento de publicação desta notícia. Já a PF disse que o delegado responsável irá atualizar o caso quando houver novidades.
A entidade também pede doações para reconstruir a casa de reza, bem como o fornecimento de alimentos e roupas, por meio da conta-corrente 12.188-6, da agência 3938-1 do Banco do Brasil, ou pelo CPF de Tonico Benites, inscrito sob o número 557.639.601.49.