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Cidades

Lágrima e sorriso dividem faces indígenas durante doação de alimento

Apesar de recomendação do MPF, ainda não há prazo para retomada do fornecimento de cestas básicas às terras não demarcadas

Tainá Jara | 01/03/2020 12:24
Crianças indígenas recebem cestas básicas com sorriso no rosto (Foto: Divulgação/Bianca Cavalcante)
Crianças indígenas recebem cestas básicas com sorriso no rosto (Foto: Divulgação/Bianca Cavalcante)

Lágrimas e sorrisos dividem as faces dos indígenas das áreas de retomada localizadas no interior de Mato Grosso do Sul, diante das cestas básicas doadas nos últimos dias. Em janeiro, a Funai (Fundação Nacional do Índio) interrompeu o fornecimento de alimento em terras não demarcadas e desabastecimento continua sem prazo para acabar.

As doações de mais de 500 cestas básicas para contemplar mais de 2 mil famílias são feitas por entidades, entre elas a Ação Cidadania, criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, desde o dia 24 de fevereiro. Nas crianças, a gratidão ao receberem o alimento salta aos olhos em forma de sorriso. Entre os mais velhos, cientes de que o alimento item básico para sobrevivência, a entrega emociona.

Dourados, distante 235 quilômetros de Campo Grande, foi o primeiro atendido. Com a maior concentração de indígenas no Estado, o município teve dez áreas de retomada atendidas. Diante da forte chuva na região, as entregas foram finalizadas neste sábado.

Também foi feita distribuição ontem, em retomadas do município de Coronel Sapucaia, a 420 quilômetros da Capital. Foram contempladas as terras indígenas Kurussu Amba 1, 2 e 3. Neste domingo, a entrega de alimentos será feita no Território Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João.

Indígena emocionada durante a entrega de cestas básicas em retomada (Foto: Divulgação/Giovanni Coletti)
Indígena emocionada durante a entrega de cestas básicas em retomada (Foto: Divulgação/Giovanni Coletti)

A estudante de Direito e membro dos Juristas pela Democracia, Bianca Cavalcante Oliveira, de 23 anos, participou da entrega. Natural de São Paulo, ela estuda em Dourados e já visitou retomadas outras vezes, mas a sensação é comum as outras. “É sempre um choque entrar em contato com essa população que está à beira da marginalização”, descreveu.

A situação de penúria, no entanto, não impediu que as famílias vestissem suas melhores roupas para receber as doações. Saber do caráter apenas emergencial da comida não fez o desespero se sobrepor a gentiliza. “Eles estavam aguardando desde cedo nossa chegada”, relembra Bianca.

Corte - Desde o início do ano, a Funai parou de apoiar a distribuição de cestas básicas para indígenas moradores de áreas ainda não demarcadas, colocando em risco a sobrevivência destas famílias. São crianças, mulheres e idosos abandonados por conta de uma disputa política e judicial provocada pelo governo federal.

No início de fevereiro, o MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) recomendou à Funai e à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a continuidade da entrega de cestas de alimentos aos indígenas que vivem em terras ainda não demarcadas no sul do Estado, nas regiões de Dourados e Ponta Porã. As instituições, no entanto, não acataram o pedido e mantiveram suspensas as distribuições de comida.

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