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Interior

Depois de suspensão de cesta básica, bispo pede ajuda para indígenas

Segundo uma liderança da aldeia, três crianças já sofrem em estado de desnutrição. Uma delas foi levada para uma unidade de saúde

Viviane Oliveira | 08/02/2020 17:19
Caarapó tem áreas disputadas por índios e fazendeiros, como na Fazenda Yvu onde houve conflito armado em 2016. (Foto: Arquivo)
Caarapó tem áreas disputadas por índios e fazendeiros, como na Fazenda Yvu onde houve conflito armado em 2016. (Foto: Arquivo)

A população indígena das aldeias de Mato Grosso do Sul vem sofrendo com a fome depois que a distribuição de cestas de alimentos foram interrompidas para as famílias acampadas em áreas de conflito, não demarcadas. A cesta, de até 22kg, contemplava oito produtos como feijão, óleo, macarrão, fubá, milho, farinha de mandioca, farinha de trigo, arroz, açúcar e leite.

Preocupado com a situação, o bispo diocesano de Dourados, Dom Henrique Aparecido de Lima, deu início a uma campanha pedindo ajuda das comunidades católicas e de também de outras religiões.

"Contamos com o seu apoio solidário, doando alimentos não perecíveis como: arroz, óleo, feijão, sal, açúcar, massa de macarrão, etc. Os alimentos arrecadados em nossas comunidades serão recolhidos e imediatamente encaminhados às famílias e crianças necessitadas", solicitou o bispo em carta endereçada às igrejas. 

Para quem quiser colaborar, também podem ser feitas doações em dinheiro. Quem quiser mais informação pode entrar em contato com o CEBI (Centro de Estudos Bíblicos)  pelo telefone 9 9980-3779. 

Segundo Carlito Espíndola, 84 anos, morador da Tekoha Itaguá, acampamenot em Caarapó, três crianças da comunidade sofrem em estado de desnutrição, de 3 meses, 5 meses e 5 anos. Carlito conta que o bebê mais novo foi levado para receber atendimento médico em uma unidade de saúde de Dourados. "As crianças mais novas não se alimentam de leite materno. Elas se alimentavam de leite que vinha na cesta. Como a gente ficou sem, a mãe passou a dar chá de açúcar queimado para a filha. O que gerou sérios problemas de saúde", lamentou. 

No início deste ano, obedecendo a um despacho da direção da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília, foi interrompida a distribuição de cestas de alimentos. O documento alega não ser de responsabilidade do governo federal a aquisição e distribuição de cestas às comunidades indígenas, nem existir orçamento para o deslocamento dos servidores que acompanham os caminhões da Conab (Campanha Nacional de Abastecimento) na entrega dos alimentos.

Há 15 anos, 22 crianças indígenas morreram vítimas da desnutrição nas aldeias da região Sul do Estado. O caso ganhou repercussão nacional e fez com que o governo federal adotasse medidas específicas para segurança alimentar dessas comunidades. 

Mas desde janeiro deste ano, o governo federal resolveu cortar o fornecimento das cestas básicas. Em fevereiro, o Ministério Público Federal solicitou o retorno imediato da distribuição, mas ainda não foi restabelecido o fornecimento.

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