Cidade da fronteira cria primeiro parque tecnológico do Centro-Oeste
Parque Tecnológico Internacional de Ponta Porã começou a ser projetado em 2013 e agora já existe oficialmente e será implantado em área de 55 hectares, doada pela União
Idealizado desde 2011, o PTIn (Parque Tecnológico Internacional de Ponta Porã) começa a sair do papel. Após a elaboração do projeto, uma série de reuniões, debates e apresentações, inclusive em Brasília, e uma visita técnica de uma semana ao Parque Tecnológico de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR), o complexo programado para a principal cidade da fronteira sul-mato-grossense com o Paraguai já existe oficialmente, possui uma sede provisória, uma diretoria e nos próximos dias vai receber da União a área de 55 hectares onde será implantado. O terreno pertence ao Exército e será cedido para a implantação do PTIn.
Conforme o projeto, o Parque Tecnológico Internacional, o primeiro do Centro-Oeste brasileiro, será um espaço de interação da ciência e tecnologia e vai oferecer um ambiente favorável para a inovação visando geração de trabalho, emprego e desenvolvimento socioeconômico. O PTIn tem apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Sebrae MS, Prefeitura de Ponta Porã, Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) Fiems (Federação das Indústrias), Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Embrapa e governo do Estado.
No Congresso Nacional, o projeto tem apoio do deputado federal Vander Loubet (PT) e do senador Waldemir Moka (PMDB), que são uma espécie de padrinhos políticos do parque. Através deles, o PTIn foi levado para a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), onde já começa a captar seus primeiros recursos.
Também com o trabalho de Vander e Moka, foi viabilizada a área, que até junho deste ano deve ser repassada oficialmente para a Associação Parque Tecnológico de Integração da Fronteira de Mato Grosso do Sul – PTIn-F/MS. De acordo com o presidente do conselho gestor do parque, engenheiro Roberson Moureira, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, deve vir a Ponta Porã nas próximas semanas para oficializar a cessão da área, que fica próxima ao centro da cidade.
“Nosso parque já existe juridicamente. Agora começa a se materializar com a doação da área onde será instalado. Acreditamos que do segundo semestre de 2015 até o início de 2016, após todas as licenças e demais exigências, já tenhamos as primeiras instalações. Já está certo que o campus da UFMS vai se instalar no parque, assim como os cursos de tecnologia da Uems e instituições como Sebrae, Senai e Senac, que vão montar estrutura no parque para qualificar mão de obra”, afirmou Roberson Moureira ao Campo Grande News.
Já é realidade – O prefeito de Ponta Porã, Ludimar Novais (PPS), disse que o PTIn já é uma realidade. “Foram dois anos de muito trabalho, reuniões, estudos, para elaborar a parte de documentos. O parque já tem estatuto e uma diretoria. O que faltava era a área, mas graças ao apoio do deputado Vander e do senador Moka conseguimos a doação de um terreno do Exército. Já temos parceiros que assim que a área for entregue querem se instalar nesse espaço”, afirmou ele ao Campo Grande News.
Segundo Ludimar Novais, a instalação de um parque tecnológico voltado à ciência, ao conhecimento e à geração de emprego mais qualificado pode representar uma alternativa à economia de Ponta Porã, tão dependente do turismo de compras. “Sabemos que não temos condições de competir com o Paraguai para atrair indústrias, então temos de procurar alternativas para fortalecer nossa região, sem precisar depender tanto do turismo de compra, que se o dólar está baixo vai muito bem, mas se a cotação da moeda americana aumenta esse turismo diminui e afeta nossa economia”, avaliou.
O prefeito espera a oficialização da doação da área nos próximos dias e disse que houve atraso por causa de mudança no CMO (Comando Militar do Oeste). “Sonhar não custa nada. Nosso sonho é transformar Ponta Porã em um Vale do Silício e o PTIn terá papel fundamental para esse desenvolvimento”.
Localizado na Califórnia, Estados Unidos, o Vale do Silício é uma região na qual estão situadas empresas implantadas a partir da década de 1950 com o objetivo de gerar inovações científicas e tecnológicas, principalmente produção de circuitos eletrônicos, eletrônica e informática.
O que é um parque tecnológico – Parques Tecnológicos são complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico para fomentar economias baseadas no conhecimento e da integração de pesquisa, negócios, empresas e organizações governamentais em um local físico. Além de prover espaço para negócios baseados em conhecimento, os parques podem abrigar centros para pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, inovação e incubação, treinamento, prospecção e infraestrutura para feiras, exposições e desenvolvimento mercadológico.
Existem no Brasil pelo menos 20 parques tecnológicos semelhantes ao projetado em Ponta Porã. Um dos mais promissores é o de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Criado em 2003 pela Itaipu Binacional, o PTI se tornou polo científico e tecnológico no Brasil e no Paraguai.
O parque de Itaipu foi instalado nos antigos alojamentos dos operários que construíram a Usina de Itaipu. Numa área de 116 hectares, destaca-se como ambiente de constantes avanços científicos e tecnológicos, com participação direta no desenvolvimento regional e na modernização da usina.
Em Ponta Porã, a ideia é concentrar no parque tecnológico atividades de ensino, pesquisa e extensão, através de cooperação técnica entre as universidades brasileiras e do Paraguai; capacitação profissional; incubadoras empresariais, para impulsionar a criação e desenvolvimento de empresas; e condomínio empresarial agregando empresas de referência.
População de 1 milhão – Com aspiração de alcançar pelo menos 38 municípios de Mato Grosso do Sul, além de alguns países da América Latina, o PTIn de Ponta Porã será voltado a uma região com um milhão de pessoas e um PIB (Produto Interno Bruto) de bilhões de reais.
“O parque tecnológico na região de fronteira exercerá grande influência na área de desenvolvimento regional e de sistemas produtivos, pois fortalece a atuação de instituições, incluindo a Uems, que atualmente possui mais de 300 doutores nas diversas áreas do conhecimento. Mato Grosso do Sul carece de instituições promotoras do desenvolvimento e o parque tecnológico vem ao encontro desta necessidade, pois busca atuar na linha de desenvolvimento regional associando aos sistemas produtivos”, diz trecho do projeto.