Com dias de frio intenso, usuários de drogas se abrigam dentro de cemitério
Uma situação inusitada, mas que revela mais uma triste história de mazela social. Um casal usuário de drogas e que mora nas ruas teve que se abrigar em uma catacumba no cemitério de Mundo Novo - cidade localizada a 476 km de Campo Grande - para escapar o intenso frio que atingiu o Estado de sexta-feira (2) para sábado (3).
Quem flagrou e gravou um vídeo alertando sobre o caso foi o coveiro do local, Antônio Corrêa, de 54 anos, mais conhecido como Jacaré. A filmagem foi feita no sábado e pode ser vista no fim do texto.
"Eles são daqui da cidade faz muito tempo, são usuários de drogas, ficam sem casa, ninguém aluga pois todos sabem que eles já não conseguem mais se manter por causa do vício", comenta Corrêa.
O coveiro ainda revela que eles estão há quatro meses na região do cemitério, porém, em um barraco de lona armado no muro do local. "Na quinta pegou fogo na lona deles e ficaram sem nada, então para escapar do frio eles vieram aqui para dentro".
Corrêa também conta que essa não é a primeira vez que o casal se abriga dentro de cemitério. "Uma vez, no período de chuvas, eles ficaram dentro do banheiro. Eles moravam com familiares, mas por causa das drogas foram expulsos de casa e foram para a rua. Eles falam que vão continuar lá por que não tem mais para onde ir", frisa Jacaré.
Um dos motivos do casal permanecer no cemitério é que, ali, além de abrigo, eles tem acesso fácil à água e aos sanitários. Antônio diz que o casal tem entre 25 e 30 anos, e tem três filhos. "Mas eles perderam as crianças. Elas foram adotadas".
Outro morador de Mundo Novo também fala sobre a situação e diz que o casal chegou a ganhar uma casa, porém, acabaram vendendo ela e gastando todo o dinheiro com o consumo de drogas. "Tudo que dão para eles é vendido em troca de pedra".
Hoje, sem local para morar dignamente, o vício é sustentado através de pequenos serviços. "Eles têm uma enxada e conseguem dinheiro carpindo quintais. Às vezes aparecem amigos deles aqui, usuários também, aparecem algumas coisas quebradas no cemitério, furtos, mas não há como provar quem foi. É uma situação triste", desabafa Antônio.