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Interior

Com pé enfaixado, traficante jogou muleta e saiu correndo de hospital

Comandante da PM diz que inquérito policial foi instaurado no mesmo dia do resgate; segundo ele, plano foi bem estruturado e escolta não sabia quem era o traficante levado ao hospital

Helio de Freitas, de Dourados | 30/07/2018 10:49
New Fiesta prata usado em resgate foi gravado por câmera em frente ao hospital (Foto: Reprodução)
New Fiesta prata usado em resgate foi gravado por câmera em frente ao hospital (Foto: Reprodução)

Para ser levado ao Hospital da Vida, de onde foi resgatado por homens armados na sexta-feira (26), o narcotraficante Nelson de Oliveira Leite Falcão, 53, alegou fortes dores e dificuldade para caminhar devido a um problema lombar.

Membro de uma poderosa quadrilha de traficantes, ele chegou ao hospital com o pé enfaixado e usando uma muleta, mas na hora da fuga jogou o equipamento longe e saiu correndo, informou ao Campo Grande News o comandante da Polícia Militar em Dourados, coronel Carlos Silva.

O oficial disse que o inquérito militar para investigar o caso foi instaurado no mesmo dia da fuga e aponta falha na segurança, tanto por parte da PM quanto da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e do próprio hospital.

Carlos Silva disse que dois policiais acompanhavam o detento e um terceiro PM estava em outro setor do hospital, vigiando outros presos internados. “Mas o resgate foi muito bem planejado e estruturado, envolveu pelo menos cinco pessoas e dois carros. Ele seria resgatado mesmo se a escolta tivesse três, quatro policiais”, afirmou.

Segundo Carlos Silva, está claro que a quadrilha recebeu informações privilegiadas sobre o dia da escolta ao hospital. “Possivelmente esse plano bem organizado envolveu somas vultuosas. Foram cinco ou mais pessoas envolvidas diretamente na ação lá no hospital”.

Carlos Silva suspeita de vazamento de informação sobre escolta de preso ao hospital (Foto: Divulgação)
Carlos Silva suspeita de vazamento de informação sobre escolta de preso ao hospital (Foto: Divulgação)

PM não sabia quem era o preso – O comandante da PM em Dourados disse que corporação recebeu um ofício padrão da Agepen solicitando a escolta, como ocorre em todas as situações em que internos da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) precisam ser levados ao hospital. Além disso, a equipe de escolta não sabia, segundo Carlos Silva, se tratar de um grande traficante de drogas.

Em nota enviada na sexta-feira, a Agepen informou ter solicitado, no dia anterior, “escolta reforçada” para levar Nelson Falcão ao Hospital da Vida após ele passar por consulta médica na unidade prisional.

“Todos os ofícios que eles mandam são padrão, posso mostrar 200, todos da mesma forma, solicitando escolta reforçada. Mas especificamente para esse cidadão não houve nenhum pedido de escolta diferenciada. Não chega para a PM quem estamos escoltando, por isso vamos modificar nossas ações, temos de aprender com os erros e saber quem será escoltado, se tem risco de fuga ou não”, afirmou Carlos Silva.

O oficial da PM afirma que a própria transferência de Nelson Falcão da Máxima de Campo Grande para Dourados no mês passado precisa ser rigorosamente investigada.

“Ele não tem parentes aqui, a princípio nem deveria estar aqui. Deve ter arrumado um motivo para vir para cá, mais perto da fronteira. O fato é que a quadrilha levou tempo estudando o local e estudando as falhas de segurança da PM, da Agepen e do próprio hospital”, afirmou Carlos Silva.

Além da Polícia Militar, o resgate é investigado pelo SIG (Serviço de Investigações Gerais), da Polícia Civil.

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