Com presidente afastado, vereadora assume comando de Câmara
Simone Batista era a primeira vice-presidente da Câmara e responderá pelo comando da Casa após Vicente Amaro de Souza Neto ser afastado por ordem da Justiça em meio a investigações sobre peculato
A Câmara Municipal de Água Clara –a 198 km de Campo Grande– já cumpriu a decisão da Justiça que afastou o seu presidente, Vicente Amaro de Souza Neto (PDT), do cargo e do mandato, devido a investigações sobre crime de peculato que teria sido cometido em sua gestão. A primeira vice-presidente da Casa de Leis, Simone Oliveira Batista (a “Xucra”, do PEN), assumiu o comando da Mesa Diretora ainda na segunda-feira (19).
A troca de gestão foi anunciada por meio da assessoria do Legislativo água-clarense, cumprindo decisão da juíza Thielly Dias de Alencar Pithan e Silva que afastou Vicente por tempo indeterminado. A medida foi tomada a pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que deflagrou a Operação Fantasma para investigar nomeação irregular na Câmara patrocinada pelo pedetista.
A Promotoria investiga Vicente e Alessandra Thomé Vanzin, apontada como funcionária fantasma da Casa de Leis. Por pelo menos 14 meses, o presidente afastado teria encoberto a ausência da servidora comissionada, nomeada assessora jurídica da Câmara. O cargo exigia jornada semanal de 20 horas de trabalho, prevendo remuneração de R$ 7.350.
Alessandra foi nomeada por Vicente em 2 de janeiro de 2017, porém, até 22 de fevereiro deste ano, quando foi exonerada, não teria cumprido expediente na Câmara. Nenhum dos projetos ou processos licitatórios da Casa no período que foram analisados pelo MPMS tinham a assinatura da funcionária. O então presidente ainda foi acusado de produzir documentos que seriam atribuídos à assessora jurídica –que ainda usufruiu de licença maternidade entre 1º de setembro e 30 de dezembro de 2017, porém, não foi localizada na Câmara em buscas fora desse período.
Vereadores e servidores ouvidos no curso das investigações confirmaram que Alessandra não cumpria expediente na Câmara, sendo raramente vista no local. As investigações comandadas pelos promotores Paulo Henrique Mendonça de Freitas e Felipe Almeida Marques, que tiveram apoio da Polícia Civil, foram deflagradas na sexta-feira (16) e ainda incluíram quebra de sigilo telefônico e telemático (equipamentos de comunicação e eletrônicos) e mandados de busca e apreensão na Câmara e na casa do vereador.
Vicente Amaro foi proibido de se aproximar dos servidores ouvidos nas investigações e de possíveis testemunhas.