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Política

MPMS denuncia vereadora de Água Clara presa na Operação Voto de Minerva

Márcia Vita e uma segunda pessoa são suspeitas de tentar cobrar R$ 80 mil de vereadora de Água Clara para interferir em um processo de cassação; acusadas usaram bilhetes para iniciar negociações

Humberto Marques | 12/01/2018 18:22

O promotor de Justiça substituto Paulo Henrique Mendonça de Freitas, da Comarca de Água Clara –a 198 km de Campo Grande–, ofereceu denúncia contra a vereadora Márcia Queiroz Vida (Podemos) e a suposta auxiliar Inês Oliveira da Silva, por corrupção passiva e tráfico de influência. Márcia, então segunda vice-presidente da Casa, foi presa na operação Voto de Minerva, sob acusação de cobrar propina para mudar o voto na cassação de outra parlamentar.

Conforme informações do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), baseada em investigações sobre o caso, Márcia Vida e Inês teriam unido esforços para solicitarem vantagem indevida da vereadora Gerolina da Silva Alves (PSDB), que era alvo do processo de cassação. A intenção seria influenciar outros dois parlamentares da Câmara para preservar o mandato da tucana.

A investigação criminal narra que, em 11 de dezembro de 2017, depois da última sessão da Câmara de Água Clara, Márcia Vida se aproximou de Gerolina e perguntou o horário que esta estaria na escola que trabalha, pois uma pessoa lhe procuraria. No dia seguinte, por volta das 11h, Inês compareceu ao local dizendo estar ali a pedido de Márcia.

Bilhetes – Inês, então, teria mostrado a Gerolina uma lauda de papel na qual constava uma mensagem escrita por Márcia Vida, com os dizeres: “Você quer meu voto a favor a respeito do processo de cassação? ( ) sim ( ) não”.

Diante disso, Inês teria dito que, caso a resposta fosse “sim”, Márcia pediu que lhe fosse mostrado outro recado: “Me arruma R$ 80.000,00 que eu voto a favor ou faria com que o processo fosse cancelado!”. Gerolina recusou a oferta. Inês então foi embora pedindo desculpas e justificando que teria ido à escola porque Márcia Vida havia lhe pedido para levar a proposta.

Porém, um novo encontro entre Gerolina e Inês ocorreu no dia 14, por volta das 14h. Desta vez, a vereadora do PSDB decidiu gravar a conversa para a apresentar às autoridades a exigência feita por Márcia Vida –material entregue ao Ministério Público.

Durante o depoimento de Gerolina, Inês ligou no celular da parlamentar. A ligação foi colocada em viva-voz e ouvida também pelo promotor. A interlocutora teria dito que estava em frente à casa da vereadora, com quem precisava conversar. Foi marcado um novo encontro para as 22h30, desta vez acompanhado pelas autoridades e novamente gravado, municiando o MPMS com mais informações sobre o tráfico de influência.

“Mínimo” – Inês voltou a apresentar uma lauda de papel com dizeres escritos por Marcia Vida: “O mínimo é R$ 50.000,00. Faço para o processo! Como? Não vai nem ter votação! Você tem que confiar e sabe que pode nem ter votação! O relator vai encaminhar para mim, aí já paro! Entendeu? Só posso dizer: confie em mim! Derrubo mais dois votos comigo! (tráfico de influência) E que fique entre nós sempre!”.

A representante da segunda secretária da Câmara deu mais detalhes sobre o procedimento para parar o processo e a forma com a qual a propina seria paga.

O Ministério Público representou pela prisão preventiva das denunciadas e pela busca e apreensão de documentos nas residências de Inês e Márcia e na Câmara. Além das condenações, o promotor requereu condenação por dano moral contra Gerolina e dano moral coletivo.
A operação Voto de Minerva teve participação da Polícia Civil e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), sendo deflagrada em 19 de dezembro de 2017.

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