Duas semanas depois, Justiça notifica famílias sobre ordem de despejo
Oficiais foram hoje ao Residencial Harrison III e informaram sobre reintegração de posse; data para despejo ainda não foi definida
Dois oficiais de Justiça foram no início da tarde desta segunda-feira ao Residencial Harrison de Figueiredo III, em Dourados, a 233 km de Campo Grande, e informaram verbalmente às 450 famílias que ocupam as casas sobre a ordem de despejo, determinada no dia 15 deste mês pela juíza Daniela Vieira Tardin, da 4ª V ara Cível local. As moradias inacabadas deveriam ser entregues até julho para pessoas já selecionadas pela prefeitura e Caixa, mas famílias sem-teto se anteciparam e ocuparam as casas no dia 11 deste mês.
O Campo Grande News apurou que os oficiais de Justiça não entregaram nenhuma notificação escrito e as pessoas que estão na área invadida afirmam não terem sido informadas sobre a possível data em que o despejo será cumprido.
O mandado de reintegração de posse, solicitado pela construtora LC Braga Incorporadora, Consultoria e Engenharia, havia sido concedido quatro dias depois da invasão das moradias, que fazem parte do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Responsável pela obra, a LC Braga ainda não tinha feito a entrega das casas para a Caixa.
“Os oficiais de Justiça vieram aqui e nos informaram sobre a reintegração de posse. Disseram que a partir de agora vão começar a mobilizar o efetivo da Polícia Militar e equipe de assistentes sociais para acompanhar o despejo, mas não informaram quando isso vai acontecer”, afirmou ao Campo Grande News um dos líderes do grupo, Diego Alves da Silva.
Local para ficar – Segundo ele, as famílias não pensam em resistir à ordem judicial. “Ninguém aqui quer ir contra a Justiça, contra a polícia. Mas queremos saber: para onde nós vamos? Quem está aqui deixou tudo para trás. Deixou onde morava de favor, entregou a casa que pagava aluguel. Tem gente que até deixou o emprego para poder entrar aqui e cuidar da casa”, afirmou Diego.
Segundo ele, as famílias que ocupam as moradias entendem o direito das pessoas já sorteadas para as casas invadidas, mas esperam uma solução tanto da Caixa quanto da prefeitura. “Tem muita casa desocupada em outros residenciais, algumas que foram inclusive tomadas porque os contemplados venderam ou alugaram. Por que não levam as pessoas que tinham sido sorteadas para o Harrison III e deixem essas casas com a gente?”.
Na semana passada, o líder dos sem-teto disse que as famílias poderiam acampar na sede da prefeitura ou na Praça Antonio João, no centro, caso o município não disponibilize um local para eles ficarem após o despejo.