Em pleno Carnaval, alunos acampam em escola como protesto contra municipalização
Estudantes do colégio Luiz Carlos Sampaio, no distrito de Nova Casa Verde, em Nova Andradina, deixaram a folia do Carnaval de lado e desde a última sexta-feira estão acampados na escola como protesto contra a possível municipalização do colégio.
Segundo o site Nova News, os alunos estão se organizando no revezamento no local, mobilizações em redes sociais, elaboração de abaixo-assinado com meta de 3 mil assinaturas e moção de ação civil pública, caso a municipalização seja promulgada em Diário Oficial.
A questão começou quando a parceria entre escolas municipal e estadual foi rompida, no início deste ano. Até março do ano passado, antes da inauguração do colégio Luiz Carlos Sampaio, a escola responsável pela matrícula dos alunos do ensino médio no distrito era a estadual Fátima Gaiotto Sampaio.
Situação que se inverteu após a ativação do colégio estadual, que passou a ceder salas para estudantes do 6º ao 9° ano do ensino fundamental. Segundo relato dos estudantes o impasse quanto à mudança de gestão se instaurou com o rompimento da parceria.
"Somos extensão de município, extensão de posto de saúde, extensão de escola. Tudo é extensão em Casa Verde e eu estou cansada de ser extensão", disse a estudante Deise Regina Lima, do 3° ano do ensino médio.
"O governo não pode dar com uma mão e tirar com a outra. Esse prédio não é do governo, ele é estadual, ele é nosso!", protesta a estudante. Para a secundarista, oficializar a decisão significa um retrocesso. "Antes não tínhamos biblioteca, sala de tecnologia, nem armários. E agora? Vamos voltar a pegar emprestado do município?", questiona.
Os manifestantes exigem também a permanência da atual diretoria, de todo o quadro de professores e demais funcionários.
Entre os alunos, Antônio Carlos Shnnor, 41 anos, deficiente visual e estudante do 1º ano do ensino médio, até compôs uma música para embalar os protestos. Sob o refrão "Queremos a nossa bandeira azul. Queremos a nossa escola de Mato Grosso do Sul", os uniformes aos quais faz referência decidiram transformar a canção no hino da causa.
Policiamento - De acordo com o sargento policial militar Valdir Ferreira, é esperada uma manifestação pacífica. "Estamos com determinação para garantir a integridade física do pessoal e evitar que os ânimos se exaltem. Acredito que vai ser tranquilo", avalia.
A intenção dos manifestantes é permanecer na escola até obter uma resposta da Secretaria Estadual de Educação sobre o caso. "Esse carnaval vai ser para a gente lutar pelo o que é nosso", afirma a aluna Fernanda Dutra.