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Interior

Funai investiga ataque a índios com dois baleados; 3º conflito em MS

Ricardo Campos Jr. | 19/09/2015 15:02

A Funai (Fundação Nacional do Índio) enviou equipes a Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande, para apurar denúncia de que dois guarani-nhandeva foram baleados por fazendeiros da região. O coordenador do órgão em Ponta Porã, Elder Ribas, diz que as informações sobre o ocorrido ainda estão desencontradas e que os servidores ainda não chegaram ao local para confirmar o fato.

Segundo ele, moram no local aproximadamente 700 pessoas que reivindicam uma área de quatro mil hectares, cuja demarcação já foi feita, mas não efetivada por conta de entraves jurídicos. A maioria optou em esperar o desenrolar do processo pelos trâmites normais, mas um grupo de 30 indígenas, inconformados com a demora, estaria tentando fazer a retomada por conta, invadindo as propriedades.

Informações da PM (Polícia Militar) apontam que esses guarani-nhandeva invadiram a fazenda Ouro Verde, mataram cinco cabeças de gado e foram baleados quando os funcionários reagiram.

Já os indígenas afirmam que estavam no acampamento quando foram pegos de emboscada por pistoleiros.

Elder foi informado de que uma das vítimas é a liderança Elpídio Pires, que teria sido baleado no abdômen e recusou atendimento com medo de que os produtores o matassem no hospital.

O outro ferido, ainda não identificado, foi atingido na perna pelo disparo e encaminhado a um hospital em Paranhos, onde está internado. Segundo o coordenador, acompanham a Funai agentes da Força Nacional e Polícia Federal.

Violência – Se confirmado, este será o terceiro episódio de violência envolvendo a disputa por terras no último mês no estado. Ontem, guarani-kaiowá da comunidade Pyelito Kue denunciaram ataque de pistoleiros nas proximidades da sede da fazenda Maringá, em Iguatemi, a 466 quilômetros da Capital.

Segundo um deles, cerca de 26 pessoas foram colocadas em caminhonetes e levadas para a beira da estrada, enquanto os demais fugiram para as margens do Rio Jogui. Algumas delas foram torturadas e ficaram com hematomas e cortes pelo corpo.

Eles temem que o ataque tenha sido em represália a uma invasão coordenada pelos indígenas no dia 17, quando seis funcionários da propriedade foram rendidos e mantidos em cárcere privado.

No dia 30 de agosto, Semião Fernandes Vilhalva foi morto a tiros durante um conflito em Antônio João. Os companheiros dele denunciam que até mesmo crianças foram atingidas pelos disparos.

A situação motivou a visita do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Mato Grosso do Sul, repetindo a atitude tomada em 2013, quando uma reintegração de posse terminou em morte em Sidrolândia. Da mesma forma, foi embora sem atitudes concretas e prometeu resolver a questão no diálogo.

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