Justiça decreta prisão de PM que ameaçou colega de farda e investigadora
Osmair Carlos de Moura, lotado na Capital, foi preso dia 9 em Dourados ao tentar receber R$ 8 mil da negociação de uma casa
Juiz da Auditoria Militar decretou nesta segunda-feira (13) a prisão preventiva do cabo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Osmair Carlos de Moura. Lotado em Campo Grande, ele foi preso quinta-feira (9) em Dourados, a 233 km da Capital, acusado de extorsão, resistência e porte ilegal de arma.
O cabo Moura acompanhava Tiago de Carvalho Lima e Mauro Alessandro Souza de Freitas que tentavam receber R$ 8 mil dados como sinal na negociação de uma casa localizada na Capital, mas cujo proprietário mora em Dourados.
O dono do imóvel, alvo da extorsão, é pai da investigadora da Polícia Civil Amanda Amaral e sogro do sargento da Polícia Militar Carlos Vernes Endres. Amanda e Endres foram ameaçados pelo cabo Moura, segundo o auto de prisão em flagrante ao qual o Campo Grande News teve acesso.
De acordo com o procedimento registrado pelo 3º Batalhão da Polícia Militar em Dourados, há pelo menos sete meses, Tiago Lima iniciou negociação com o pai da investigadora para comprar a casa que ele tinha em Campo Grande. Como parte do acordo, Tiago pagou R$ 8 mil de sinal, valor este incluído em cartório, com a ressalva de que o dinheiro não seria devolvido caso a compra não se concretizasse.
Segundo o depoimento da policial civil Amanda, Tiago não conseguiu viabilizar o financiamento para comprar a casa e desistiu do negócio. Tempo depois, começou a cobrar a devolução dos R$ 8 mil dados como sinal, apesar de o contrato deixar claro que o dinheiro não seria devolvido.
No dia 1º deste mês, segundo ela, o pai recebeu mensagem ameaçadora no celular no celular de um homem que se identificou como primo de Tiago. Ele chegou a mandar foto da casa dos pais da policial afirmando que tinha emprestado os R$ 8 mil para o primo e viria a Dourados “com pessoas da fronteira” e que não sairia da cidade sem o dinheiro. Mesmas ameaças foram enviadas para o celular da mãe de Amanda.
No final da tarde de quinta-feira, Osmair Carlos de Moura, Tiago Lima e Mauro Freitas foram até a casa do pai de Amanda, no bairro Santa Fé, onde o cabo PM teria ameaçado a policial. Ela disse que o policial chegou a puxá-la pelo braço na tentativa de arrastá-la até o carro. Vendo que ele estava armado, Amanda se desvencilhou e conseguiu colocar o trio sob a mira de sua arma.
Em seguida chegou ao local o sargento Endres, marido de Amanda, que acionou a Força Tática da PM. O cabo Moura estava armado com um revólver calibre 38 marca Smith & Wesson. Os três foram levados para a Polícia Civil, mas como o caso configurava crime militar, a PM foi acionada e Moura autuado pelo capitão Teodoro Caramalac.
Mauro Freitas disse em depoimento que ele e o cabo Moura foram contratados por Tiago para ajudar a receber o dinheiro e que se o pagamento fosse feito, cada um receberia R$ 1.500.
Inicialmente, a juíza plantonista Daniela Vieira Tardin estipulou fiança de três salários mínimos para a liberdade de cada um (R$ 3.135 de cada), mas no dia 11 a desembargadora de plantão no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul Dileta Terezinha Souza Thomaz reduziu o valor para dois salários mínimos.
Hoje, no entanto, o juiz militar transformou o flagrante em prisão preventiva. Ele está no Presídio Militar em Campo Grande. Tiago e Mauro continuam presos em Dourados, já que a fiança não tinha sido paga até a tarde desta segunda-feira.