Laudo confirma superdosagem de medicação em paciente que morreu
Houve erro na manipulação do medicamento usado em sessões de quimioterapia, que provocou reações alérgicas em dois pacientes, que faziam tratamento na Oncologia de Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande. A constatação é da Sindicância aberta na última sexta-feira (20) para apurar o caso, que resultou na morte de Terezinha de Medeiros, 82 anos. Já Sebastião Rocha, 47 anos, ficou internado e já teve alta.
Segundo o jornal Diário Corumbaense, o laudo apresentado hoje, pelo diretor-presidente da Junta Interventora, Cristiano Xavier e o diretor-técnico do Hospital, Domingos Albaneze, aponta superdosagem do medicamento Fluoracil, ministrado nos pacientes no dia12 de fevereiro deste ano.
O erro na preparação da medicação foi confirmado por meio de anotações feitas na hora da manipulação. Familiares dos pacientes e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acompanharam a investigação. O resultado da sindicância será encaminhado para a Polícia Civil, onde foi aberto um inquérito policial e também ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Farmácia.
“A sindicância confirmou a suspeita inicial. O farmacêutico responsável errou a quantidade do quimioterápico aplicado. Ele passou por um treinamento, estava apto ao trabalho, mas errou no cálculo da dosagem, foi uma falta de atenção, sem dúvida nenhuma”, disse o médico Domingos Albaneze, que coordenou a apuração do caso.
O farmacêutico, foi afastado da função quando os pacientes apresentaram reações ao medicamento. Agora, ele foi demitido e uma nova farmacêutica, vinda de São Paulo, está exercendo a função, com acompanhamento de profissional especializado.
“Essa farmacêutica já tinha treinamento em uma empresa especializada em quimioterápicos. Ela foi para Campo Grande, fez o treinamento no Hospital do Câncer e agora está em Corumbá trabalhando no setor de Oncologia, supervisionada por uma farmacêutica experiente da Capital. Nos próximos seis meses, ela vai continuar recebendo treinamento no Hospital do Câncer”, comentou Xavier.
Segundo Xavier, duas pessoas que estavam com o farmacêutico demitido no dia da manipulação do medicamento, receberam punição educativa e também vão passar por treinamento para que tenham ainda mais experiência no trabalho realizado com os pacientes do Centro de Oncologia. “Chama-se de punição educativa, pois uma equipe tem que ser responsabilizada cada uma com seu peso, e eles foram punidos para aprimorar a atenção deles com relação a esses acontecimentos. Nós lidamos com vida humana e nessa situação, não podemos ter qualquer risco de desatenção”, disse o diretor-técnico do hospital.