Maior presídio de MS está sem vigilância externa
Nesta sexta não há nenhum policial militar em torres de vigilância da PED, mas Segurança Pública nega saída
Maior presídio de Mato Grosso do Sul, a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) está sem vigilância externa nesta sexta-feira (4). Desde as primeiras horas da manhã não há nenhum policial militar nas torres de vigilância existentes nos quatro cantos da muralha.
Com 2.700 presos, 900 dos quais ligados à facção PCC (Primeiro Comando da Capital), a PED foi palco de fugas entre o ano passado e agosto deste ano e acumula série de denúncias de irregularidades envolvendo diretores e funcionários.
O Campo Grande News apurou que a retirada começou no dia 1º deste mês, como já havia sido definido pela corporação. Nos últimos três dias ainda houve movimentação de policiais na parte externa do presídio, mas hoje não existe nenhum PM no local, segundo fontes da PED.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar em Dourados para saber se de fato a PM deixou a PED, mas o comando local informou que apenas o Comando-Geral iria se manifestar. A assessoria do Comando-Geral também foi procurada, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Desde que a penitenciária de Dourados foi inaugurada, ainda na década de 90, a segurança externa é feita pela Polícia Militar e a parte interna é de responsabilidade dos agentes penitenciários, atualmente chamados de policiais penais. A situação ocorre em vários outros presídios de Mato Grosso do Sul administrados pelo Governo do Estado.
No ano passado, no entanto, a Polícia Militar iniciou movimento para deixar a vigilância nos presídios alegando, principalmente, que essa obrigação ocupa boa parte do efetivo que deveria estar nas ruas.
Em Dourados, segundo informações reveladas pelo comando local em reunião realizada recentemente, a segurança da muralha e a escolta de presos internados ocupam pelo menos 40 homens do policiamento ostensivo.
Em outubro de 2019 foi definida a criação de uma comissão formada por representantes do Comando-Geral da PM e da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). O objetivo seria organizar curso para capacitação dos agentes penitenciários que assumiriam a função e o calendário para a saída da PM.
Segundo informações apuradas pela reportagem, há pelo menos seis meses houve novo ultimato e definido que os policiais entregariam as muralhas no dia 1º de dezembro.
Ao Campo Grande News, a Agepen informou que não há nenhum acordo de a agência assumir a muralha da Penitenciária Estadual de Dourados. “Pelo cronograma acordado, as unidades assumidas são as penitenciárias da Gameleira, Naviraí, Três Lagoas e Bataguassu, conforme a conclusão dos treinamentos dos servidores e disponibilização de quantitativo”, afirma a agência.
Já a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) garantiu, através da assessoria de imprensa, que a Polícia Militar não deixou a guarda e segurança externa da PED. “No dia de hoje, a guarnição realiza trabalhos baseados em informações da inteligência, no entorno do Presídio Estadual de Dourados”.
O presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul) André Santiago afirmou que vai notificar o Governo do Estado e o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública Antonio Carlos Videira sobre a situação. Ele também anunciou que fará vistoria no presídio para constatar o abandono da vigilância externa. "É inadmissível que a Agepen não tome providências para resolver esse problema".
*Matéria editada às 17h06 para acréscimo da declaração do presidente do Sinsap.