Mulher aborta gêmeos após procurar maternidade e atendimento demorar
Caso ocorreu terça-feira no Hospital Universitário de Dourados; irmã de gestante diz que ela ficou esperando por seis horas, mas HU alega que paciente foi atendida uma hora após chegar ao local
A maternidade do HU (Hospital Universitário) de Dourados, a 233 km de Campo Grande, foi denunciada mais uma vez ao Conselho Municipal de Saúde por demora no atendimento a uma mulher, grávida de gêmeos. É terceiro caso em menos de sete dias. Na semana passada, duas gestantes perderam os bebês, supostamente por falta de atendimento na unidade.
Familiares da gestante, que estava no quinto mês de gravidez de gêmeos, afirmam que mesmo sentindo dores ela ficou pelo menos seis horas esperando atendimento, na terça-feira (15). Quando foi atendida, os bebês estavam mortos e a mulher teve de passar por cirurgia para retirada dos fetos. O hospital nega a denúncia e diz que o atendimento foi feito cerca de uma hora após a paciente chegar ao local.
Conforme a denúncia encaminhada para o Conselho Municipal de Saúde, a paciente procurou a maternidade sentido dores abaixo do ventre. Francisca Lima, irmã a gestante, afirma que a mulher começou a sentir dores na manhã de terça. Procurou um posto de saúde e foi orientada a ficar de repouso. Como as dores continuavam, ela procurou a maternidade do HU.
Demora de seis horas – Francisca disse que chegou ao HU acompanhando a irmã por volta de 15h, mas a gestante só teria sido atendida perto de 21h. Quando foi atendida, o médico constatou que os bebês estavam mortos. A mulher foi submetida ao procedimento para retirada dos fetos e teve alta na manhã desta quarta.
Ao Campo Grande News, a presidente do Conselho de Saúde, Berenice Machado, disse que falou com familiares da mulher, que teriam relatado que as crianças também estavam com má formação. “A tia disse que viu os bebês e que eles eram perfeitos. Não consegui falar com os pais, pois estão muitos abalados”, disse ela.
HU nega demora – Em nota da assessoria, o HU negou a demora apontada pela irmã da paciente. Segundo o hospital, a mulher fez ficha no pronto atendimento obstétrico às 15h50 de terça-feira, reclamando de dores. O caso dela teria sido classificado como “risco azul” – quando o atendimento pode demorar mais de duas horas. “Ela foi atendida às 16h40, um tempo muito menor do que estava previsto na classificação de risco”, afirma a assessoria.
Sobre os fetos, o hospital informou que existe possibilidade de a morte ter ocorrido antes da paciente chegar à maternidade. Entretanto, o HU afirma que não tem como saber o horário da morte e nem o motivo, já que uma avaliação conclusiva das causas de óbito fetal só seria possível com serviço de verificação de óbito, que não existe em Dourados.
O hospital nega também que apenas um médico estava na maternidade, como foi denunciado ao conselho. Segundo a assessoria, três médicos plantonistas e dois residentes estavam no local na terça-feira.
Outros casos – Na semana passada, duas gestantes procuraram o Conselho de Saúde e acusaram a maternidade do HU de falta de atendimento. Nos dois casos os bebês morreram no ventre das mães.
Berenice Machado afirmou que mortes de fetos são constantes na maternidade do HU e chegou a defender a retomada do hospital por parte da prefeitura. Desde 2008 o HU é gerenciado pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).