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Interior

“Não posso aceitar que as pessoas morram em casa sem oxigênio”, diz prefeito

Alan Guedes prometeu ampliar fiscalização para fazer cumprir medidas severas tomadas hoje

Helio de Freitas, de Dourados | 28/05/2021 13:56
Prefeito Alan Guedes ao anunciar lockdown de 14 dias em Dourados (Foto: Divulgação)
Prefeito Alan Guedes ao anunciar lockdown de 14 dias em Dourados (Foto: Divulgação)

Ao anunciar lockdown por 14 dias para tentar frear o contágio da covid-19, o prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) disse que a medida, a mais severa adotada até agora em quase 15 meses de pandemia, tem como principal objetivo evitar que os pacientes morram sem atendimento.

“Esse é o pior momento da pandemia que enfrentamos em nossa cidade. Os números e a pressão sobre o sistema de saúde confirmam isso. Dourados hoje lidera o ranking de novas infecções. Eu não posso aceitar que as pessoas morram em casa sem oxigênio”, afirmou o prefeito.

Aos 36 anos, Alan assumiu o comando da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul no pior momento da pandemia e tem pela frente o principal desafio da precoce carreira política iniciada ainda na juventude.

Hoje, a prefeitura anunciou que nas últimas 24 horas foram registrados mais 112 casos positivos e três mortes em decorrência da doença. São 489 douradenses mortos pela covid. Outros 284 moradores da região morreram em Dourados.

Dos 169 pacientes infectados pelo vírus internados, 77 estão em leitos de UTI e os demais em leitos clínicos. Há dois meses não há vaga de terapia intensiva para pessoas infectadas pela covid em Dourados.

O prefeito afirmou que apesar do aumento do número de leitos de UTI nos últimos meses e quase cem mil doses de vacinas já aplicadas (primeira e segunda dose), a pressão sobre o sistema de saúde continua, com pelo menos 40 pacientes por dia esperando vaga em terapia intensiva.

“Como prefeito, eu precisava tomar uma decisão, para evitar que o desastre seja ainda maior. Eu não posso e não quero dizer não para os pacientes que vêm da macrorregião”, desabafou.

Alan Guedes disse ter preocupação com o lado econômico, entende a necessidade das empresas que sustentam a economia do município com seus impostos e o risco de aumento do desemprego. “Nesse momento peço o apoio e a compreensão de todos, porque a situação chegou no limite e não há mais o que fazer. Não vou ficar marcado na história como prefeito que não fez o que precisa ser feito”.

Fecha tudo – Decreto que será publicado ainda hoje vai determinar lockdown no município de domingo (30) a sábado (12). Serão 14 dias de medidas severas, quando ficará proibida a circulação de pessoas nas vias públicas durante todo o dia.

Só poderão sair de casa quem for a supermercados, açougues, padarias, farmácias, hospitais e postos de gasolina, únicos estabelecimentos que poderão funcionar, com 50% da capacidade e com entrada de apenas uma pessoa da família.

Supermercados, açougues e padarias vão funcionar de segunda a sábado até às 18h. No domingo, até 14h. As distribuidoras de água e gás vão funcionar de segunda a sábado até 18h. Postos de gasolina abrem 24 horas por dia.

Transporte de passageiros e ônibus poderão funcionar para atender pessoas que precisarem dos serviços essenciais com 50% de capacidade de passageiros sentados.

Outra medida que vai fazer parte do decreto é a “lei seca”. Ficará proibido o consumo de bebida nas vias públicas e comercialização de produtos alcoólicos inclusive nos mercados.

Pior momento – O médico infectologista David Caravelas afirmou que é preciso medidas de restrição para tentar diminuir a contaminação. “Desde o dia 18 de maio estamos vivendo o pior momento pandêmico e é preciso alertar o gestor municipal para que, baseado no respaldo técnico, possa tomar as medidas emergenciais de forma consciente e programada”.

A promotora de Justiça Rosalina Cruz Cavagnolli, que representou o Ministério Público Estadual nas reuniões com a prefeitura, disse que as medidas precisam ser duras e para todos. “Ao MPE caberá fiscalizar as medidas adotadas pelo prefeito com respaldo jurídico. Alguns setores serão mais afetados, mas não vejo outro caminho”.

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